segunda-feira, 24 de março de 2008

A especialidade do atum em lata...


O primeiro dia de Semana Santa em José de Freitas já me rendeu um post para o blog... E eu vou dizer porquê...

Sexta-feira da paixão, segundo as tradições católicas, não é um dia para se comer carne. Quer dizer, só a partir da meia noite é que se permite comer alguma outra coisa que não tenha peixe no meio.

Mas, veja bem, na minha opinião, e de pessoas também esclarecidas, comer carne não significa que você vá queimar no mármore do inferno ou coisa parecida. Tipo assim, é o cúmulo da estupidez a pessoa achar que vai ser castigada por Deus, se comer carne na Sexta-feira da Paixão, quando essa mesma pessoa faz inúmeras coisas muito mais graves e "pecaminosas". É uma situação pra se achar engraçada mesmo...

Pois bem, o fato é que eu e Merinha, minha amiga, resolvemos não jantar antes de sair de casa e comer alguma coisa lá pela praça mesmo. Ela até sugeriu um "hamburguer de" lá no Giovane (José de Freitas é o único lugar no mundo que tem "hamburguer de", tá?), mas então lembrou que não se podia comer carne naquele dia. Mas eu disse: "Não me importo de comer carne hoje. Pra mim tanto faz..."

Tudo certo então, nós chegamos na praça e encontramos umas amigas da Merinha e da Jonilza e uma delas, certamente, "me-adora-de-paixão-com-todas-as-forças-da-sua-alma". Esta pessoa, demonstrou desde o intante em que me conheceu, uma antipatia por mim, que eu acho absurdamente inexplicável. Sério, mesmo, não é mania de perseguição.

Eu sempre tentei me mostrar educada com ela. Porque se a mãe dela não ensinou isso, a minha, sim. A cumprimentava sempre que a via e continuei fazendo isso mesmo sabendo que ela nunca me respondia. Fingia que o fato dela me chamar de "Latuza" ao invés de "Lanussa", não era de propósito só pra me irritar (ou falta de inteligência mesmo, o que a impedia de memorizar e pronunciar um nome que até criança de cinco anos consegue). E também nunca a tratei mal, mesmo quando ela falava mal de mim pras MINHAS AMIGAS, sabendo que elas irião me contar.

Ela é aquele tipo de pessoa que solta agulhas pelos olhos, quando vê você. Que mesmo que só eu esteja prestando atenção ao que ela está dizendo (mais uma vez, por educação) ela finge que eu não estou ali e nunca fala olhando nos meus olhos. Não sei qual é o tipo de cisma dela, comigo.

Então, eu decidi que não valia a pena me esmerar em demonstrar educação para com aquela pessoa, se ela não sabia o que era isso. Logo, nunca ia entender essa minha postura. Por isso, quando eu a vi, não fiz questão de falar com ela e fingi que aquele ser não estava nem ali.

Só que, a fome já estava apertando e a Merinha resolveu sentar na mesa com elas, sinal de que eu ia ficar com fome por mais algum tempo...

Mas, eis que Merinha me dá a sugestão de comermos pizza. Até aí, tudo bem... Então, ela completou:

- A Fulaninha (assim, no diminutivo mesmo) disse que aqui tem uma pizza de atum.

- Atum? - Eu disse - Amiga, eu não sou muito chegada em atum, não...

Só que, a minha cabeça (pecaminosa) ainda não tinha processado o motivo daquela pizza de atum. É que as Católicas Apostólicas Romanas, que temem a Deus sobre todas as coisas e que não cometem pecado algum na vida e cumprem todos os dez mandamentos e nem precisam morrer para serem canonizadas... resolveram colocar peixe também na pizza, porque "não se podia comer carne naquele dia".

E claro, elas acharam automaticamente que havia uma herege, ali, na frente delas e passaram a me antipatizar ainda mais só pelo fato de eu querer comer pizza de frango, na Sexta-feira da Paixão.

A Merinha, como tem a cabeça mais aberta, ainda tentou ajeitar todos os lados e teve a "petulância" de perguntar para elas, se as mesmas se importavam de comer carne naquele dia. E as duas responderam como se aquela fosse a pergunta mais idiota que elas ouviram até então:

- Me importo, sim!

A Fulaninha, ainda tentou explicar pra Merinha, o que era atum. Assim, tipo como se a Merinha fosse que nem ela e ficasse a vida toda, ali, enfiada naquela cidade, sem ter outra ocupação, a não ser falar da vida alheia e cultivar aquele corpo escultural que ela insiste em colocar dentro de roupas totalmente desproporcionais para o seu tipo físico.

É, eu tô sendo venenosa, mesmo! Mas o que é que vocês querem? Afinal, eu já como carne na Semana Santa!! Então, se eu já sou a "pecadora" mesmo... Não custa nada nada aumentar a minha lista de pecados mortais.

Então ela foi explicar pra Merinha que atum era, tipo uma sardinha. Ela falava como se aquilo fosse caviar ou coisa assim. E continuou falando pra ela das maravilhas do atum em lata, como se fosse uma palestrante discorrendo sobre as descobertas científicas do tratamento contra o câncer.

Então eu resolvi dar uma de altruísta e fazer aquele sacrifício de comer pizza de atum (eca!) porque, já que eu estava em minoria não tinha cabimento pedir uma pizza de atum, com uma fatia apenas de frango, porque eu só como isso mesmo...

E elas ficaram me olhando, assim como se dissessem: "Olha como é fingida..." (rsrsrsrsrs)

Mas o que acabou acontecendo mesmo é que, não tinha mais pizza de atum (talvez porque o resto da população que teme ir para o inferno por comer carne na semana santa, tenha acabado com o estoque de atum do bar onde nós estávamos) e assim como uma criança birrenta que quer a vontade feita de qualquer jeito, ela e a outra desistiram de comer pizza, porquê...

- Eu queria era de atum...

Há!! Não deu pra ela!!!

Agora, eu vou deixar claro aqui, que não estou querendo denegrir as tradições católicas e tudo mais. Eu respeito as tradições, até porque eu fui criada por uma família católica.

Mas, tudo tem limite nessa vida e nós temos que ter bom senso, também. Do que adianta eu deixar de comer carne na Semana Santa, se eu não trato as pessoas de forma justa? Se eu julgo as pessoas antes de conhecê-las, se eu falo palavras que magoam os meus amigos, se eu só sei criticar os outros e só me aproximo das pessoas quando elas podem me dar algo em troca? De que adianta eu não comer carne na Semana Santa, se eu olho com cobiça para as coisas alheias e coloco defeitos inexistentes só pra deixar a outra pessoa pra baixo???

Não estou querendo dizer aqui que todo mundo tem que ser santo, afinal, ninguém é. Até Madre Teresa teve seus momentos de dúvida e de pecados, também. Ela era humana. Agora, você tem que ser maduro o suficiente para assumir os seus atos e não ser tão hipócrita e dissimulado a ponto de apontar o dedo acusador para os outros, mesmo fazendo coisa muito pior do que eles.

Eu acho isso ridículo, se você quer saber.

E eu birrei também, de propósito. Eu deixei bem claro que não queria comer aquela meleca de pizza de atum, antes de dizer que não me importava, já que eu era a única que não queria.

Pela Merinha, eu teria comido aquela pizza de atum, mas não por elas! Até porque, a Merinha queria comer aquilo mais por curiosidade do que por religião. E olha que ela também foi educada dentro da igreja, que nem aquelas outras duas e teria todos os motivos pra ser igual a elas mas, graças a Deus (literalmente) se transformou numa pessoa muito melhor, porque é verdadeira.

E assim, como essas duas garotas de que eu falei agora, existem muitos outros falsos-moralistas, lá em José de Freitas, que posam de santinhos mas, que fazem coisa bem pior.

Tenha santa paciência...

Um comentário:

O Profeta disse...

Esta é a alma que voa de um Profeta
Ao encontro do teu sentimento
Este é o sal de alva espuma
Que te ofereço e diadema de espanto…

Olhos de alma, da tua alma
Quero-os no cais da minha chegada
Espero por ti em manto de ternura
No encontro da minha caminhada


Bom fim de semana

Mágico beijo