As pessoas sempre me perguntam se eu já estagiei na minha área, quando eu digo que faço Comunicação Social (com habilitação em Jornalismo e Relações Públicas e, normalmente, elas ignoram totalmente a última, assim que ouvem a palavra Jornalismo), talvez por esperarem que eu diga algo sensacional, do tipo:
- Ah, eu trabalhei na Cidade Verde, produzindo o jornal da Virgínia Fabris e até me pediram pra substituí-la, um dia desses, porque ela estava com a garganta tremendamente inflamada mas, sabe como é... sou tão tímida.
Ou talvez...
- Eu fiz estágio no jornal Meio Norte, na editoria de Polícia e eu estava lá, fazendo a cobertura da prisão daquela quadrilha que traficava rins humanos para a África. Cara... muito emocionante!
Mas, ao invés de tudo isso, eu digo apenas...
- Anh... Eu fiz o estágio curricular obrigatório, né?
- Ah... (Com metade da expectativa frustrada). E onde foi?
- Na Assessoria de Imprensa da UESPI (Universidade Estadual do Piauí, onde eu estudo).
- Ah, tá... (Com a expctativa totalmente frustrada).
Na verdade eu não culpo as pessoas. Realmente, a noção que quase todo mundo tem dessa profissão, é uma coisa totalmente vibrante e cheia de emoção, onde você sabe de TUDO antes de todo mundo e convive com os "famosos" que a gente vê todo dia, na TV. Eu mesma, escolhi o meu curso por causa disso. (E também porque na hora do mamãe-mandou, o meu dedo apontou para Comunicação Social, ao invés de Turismo).
Para mim, os estágios são muito importantes. Para você saber que rumo quer seguir ou se odeia aquilo de paixão. No meu caso, foi sempre a segunda opção. A gente nunca sabe como o mercado de trabalho jornalístico pode ser tremendamente enfadonho, trabalhoso e absurdamente chato.
Não tomem isto como a verdadeira realidade da Comunicação. É só o MEU ponto de vista. Tem muita gente que acha isso divertido, mesmo com todos os aborrecimentos que essa vida de estagiário de jornalismo, pode causar.
Pois bem, antes de fazer o estágio curricular obrigatório, eu fiquei uns dois meses na Rádio Difusora, daqui de Teresina, sob o comando daquele cara que se diz grande jornalista mas, na verdade nunca passou nem na porta de uma faculdade: o tal do Mário Rogério (que diabo de nome é esse?).
Eu fui levada por uma colega de classe, que já estava trabalhando para ele, com a diferença de que, ela recebia um salário e eu, não. A garotinha aqui, teria que ir atrás de patrocínio para pagar o próprio salário e dar metade do que conseguisse, para a rádio, ou seja, o bolso do Mário Rogério.
Eu ia ser produtora de um programa de variedades, o COM VOCÊ, e a minha colega Arlinda, a apresentadora. Além disso, eu escreveria um jornal do Sindicato dos Médicos, que fazia parte de um projeto que o Mário definia como "muito promissor", de fazer os informativos de toda sorte de sindicatos que existisse na cidade. Um negócio muito chato e mal feito porque ele totalmente se negava a seguir as sugestões de uma estagiariazinha, somente por causa de um detalhe besta, tipo, eu estava na universidade e ele, como eu já disse, fugiu disso como o diabo da cruz.
Eu sabia como fazer, mas ele não deixava, porque o jeito dele é que era o certo. A partir desse momento, eu passei a odiar-com-todas-as-forças-da-minha-alma, aquele jornal insuportável. E a Arlinda, dando uma de esperta, me deixou sozinha nessa e ficou só com a apresentação do programa. E claro, pra igualar mais as coisas, eu deixava um pouco do meu trabalho de produtora, pra ela fazer também.
Eu ia todos os dias, pela manhã, acompanhar a Arlinda na rádio, durante a apresentação do programa. E, de vez em sempre, ela empurrava os textos pra eu ler, sem me avisar antes, mesmo que a gente estivesse no ar e coisa e tal. Nos momentos restantes, eu tinha que dar conta de um jornal do Sindicato dos Médicos, com assuntos totalmente desconhecidos e initeligíveis. Aff...
E, pra vocês terem uma idéia da coisa toda, vou colocar aqui uns trechos do meu diário (isso mesmo, ainda escrevo em diários), do período em que eu pagava os meus pecados como estagiária do Mário Rogério.
Domingo
07/05/2006
11:22 pm
Eu gostaria de saber se a minha TPM já passou. Quer dizer, eu quero saber se oficialmente, a TPM acaba assim que a menstruação chega. O que deve ser porquê o nome dessa coisa é TPM, ou seja, Tensão Pré-Menstrual. Quer dizer, é antes da menstruação e não, durante ou depois.
O que me leva a concluir que eu não estou mais no período de TPM e que, esse meu mau-humor ainda reinante e, esse estress permanente, é só pelo fato de hoje ser Domingo e, conseqüentemente, amanhã será Segunda-feira, o dia que eu mais detesto, depois do Domingo, porque antecede a Segunda-feira e a programação da TV é uma porcaria.
Isso tudo ainda, aliado ao fato de, amanhã, eu ainda ter que entregar aquela porcaria de jornal do Sindicato dos Médicos e que eu detesto de paixão, porque é o trabalho mais chato que alguém pode fazer e achei que, finalmente, teria me livrado dele na Sexta-feira, o que não aconteceu.
E por isso, eu estou estressada e de mau-humor e sofrendo por antecipação, porque amanhã é Segunda-feira: um dia que vai começar relativamente chato (Eu quis dizer "absolutamente chato". Viu? É o estress).
Agora eu vou dormir, porque quanto mais cedo eu fizer isso, mais tempo eu vou ter dormindo e, conseqüentemente, não pensando em amanhã. Então, depois eu conto o meu dia.
Segunda-feira
08/05/2006
09:27 am
E é incrível mesmo como esse trabalho é absurdamente chato. Primeiro que eu fui forçada a acordar muito cedo, tudo isso, depois de ter sonhos horríveis (porque eu não consegui relaxar pelo fato de o dia seguinte ser Segunda-feira) e de, finalmente, ter achado uma posição gostosa pra dormir, daquelas em que a gente não quer mexer um milímetro do corpo, justo na hora de acordar.
Então eu saí de casa e peguei o ônibus com o Júnior e ele me fez lembrar o quanto ele é irritante, às vezes, com essa mania de me mandar trabalhar de graça e achar que sabe tudo sobre a área de jornalismo e sobre o dia-a-dia de um jornalista e de como deve ser um jornalista. Putz! Fala sério! Ele faz não-sei-o-que-lá-da-informática! Quem faz jornalismo sou eu! (Júnior foi morar com Deus em 01 de julho de 2007. Ele atentava o meu juízo mas, mesmo assim, eu gostaria que ele ainda estivesse aqui conosco...).
Mas aí eu tive que ir ao SIMEPI (Sindicato dos Médicos do Piauí) e pegar o resto dos arquivos para esse jornal idiota e vim para a cooperativa, achando que iria adiantar o trabalho. Mas, aqui é tão organizado, que alguém está com a chave da sala e, ESTE ALGUÉM NÃO ESTÁ AQUI!! Eu posso com um negócio desses?
Então eu estou aqui, na recepção dessa meleca, perdendo o meu tempo, sem poder adiantar (ou terminar) a PORCARIA desse trabalho e nem sair daqui.
Tanta coisa que eu queria fazer meu Deus...
Ah. Agora eu tenho que ir fazer a PORCARIA DO TRABALHO CHATO!
02:31 p.m (Uespi - aula de Ética em R.P - um saco!)
E então, foi isso: eu consegui me livrar do trabalho chato mas, não de verdade, só por hoje. E agora eu estou aqui, nesta aula chatíssima, de Ética em Relações Públicas e a cada minuto, alguma das garotas me pergunta o que eu tenho. E isso me deixa mais zangada e com vontade de dizer que eu tô: COM RAIVA DE TODAS ELAS!!! (Lembrem-se que eu estava num momento de estress)
Terça-feira
09/05/2006
07:29 p.m
Eu e André* (meu namoradinho da época), combinamos de nos encontrar no sábado de manhã, lá na Uespi, quando nós dois temos aula. Eu disse pra ele que não ia mais na universidade pela manhã, esta semana, porque eu ainda estou presa à droga daquele jornal.
Áliás, eu já disse O QUANTO EU DETESTO A DROGA DESSE JORNAL? É, eu acho que já. Mas, não custa dizer de novo: EU DETESTO A DROGA DESSE JORNAL!!!!!!
Deus, por favor, Deusinho... Faça com que o tempo passe logo e eu, finalmente, consiga me livrar desse peso. Por favor, por favor, por favor!!!
Mais um dia me espera.
E assim, a minha vida passou, até que eu terminei todas as matérias daquele jornal que só falava de planos de saúde e métodos cirúrgicos que ninguém imaginava que pudessem existir. E o que foi que aconteceu? O SIMEPI, simplesmente, desistiu da idéia de ter um jornal. Quer dizer, depois de TODO o trabalho que eu tive, fazendo viagens da rádio, para o SIMEPI, para a cooperativa, eles simplesmente, com o jornal pronto nas mãos, disseram: "Mudamos de idéia. Não queremos mais". Assim, fácil.
Então, eu resolvi mandar tudo aquilo ali, pro quinto dos infernos, inclusive o programa na rádio (que ninguém ouvia mesmo...) e fui pra José de Freitas, curtir com os meu amigos, que eu ganhava muito mais.
E utilizei o meu tempo livre muito bem até que... Tchan, tchan, tchan, tchan!!! Chegou a terrível hora de fazer o Estágio Curricular OBRIGATÓRIO, na área de jornalismo.
Mas essa aventura sofredora, eu só vou contar, depois...
Um comentário:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.... tempo bom eh lanussa...peeeense..kkkkk
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