quarta-feira, 30 de abril de 2008

Aventuras no coletivo...


Ser liso é uma desgraça e, a maior das desgraças de ser liso, é andar de ônibus. Como eu sou uma lisa, eu ainda tenho que me servir deste meio de transporte, onde um monte de gente fica junto e fala ao mesmo tempo.

Já presenciei várias tosquices dentro de um coletivo, tenho certeza que, vocês também... E nem adianta dizer que não anda de ônibus! TODO mundo anda, alguma vez na vida.

Vocês já pegaram um ônibus lotado, numa segunda-feira, às 6h da manhã? Eu já peguei vários ônibus, neste mesmo horário, neste mesmo dia da semana. Gente... Eu me senti dentro de uma garrafa de cachaça durante todo o percurso. Porque, o povo que ficou na farra até altas horas do domingo, por sinal a maioria, ainda estava com a cachaça viva dentro deles e o resto das pessoas, que ainda estavam sóbrias, com certeza ficou embriagada só de sentir aquela catinga.

O pior disso tudo é que, as pessoas não abrem as janelas. Porque, pensa bem... a maioria daquele povo ali, não tomou banho antes de sair de casa. Dá pra ver na cara da pessoa, se ela tomou banho ou não... Então, pelo fato de ter se liberado de entrar embaixo da água fria às 5h, 5:30h da manhã... sente mais frio que as outras, que tomaram banho. Daí, resolvem fechar todas as janelas e o aroma fica TODO preso dentro do ônibus. Não tem nem como não sair "trumbecando" nas pernas...

Já pegaram aquele ônibus lotadíssimo, em que não cabia mais uma formiga sequer e, mesmo assim, o diabo do motorista insistia em fazer parada e colocar mais gente lá dentro? Já foi esmagada por uma gorda, dentro de um ônibus lotado desses? Eu já fui. Já me aconteceu cada coisa...

As crianças, por exemplo, tem uma ligação muito grande comigo. Não é pelo fato de eu, tipo, a-do-rar crianças ou algo assim. Eu já disse que a única criança que eu gosto é da Maria Klara e vice-versa. Mas é uma coisa. Quando entrar alguém carregando uma criança, se tiver lugar vago do meu lado, pode acreditar, ela SEMPRE vai sentar lá. Cara, isso me tira do sério. Porque, elas se mexem demais, gritam demais e quando eu estou com muita sorte mesmo, elas estão lambuzadas com alguma coisa nojenta.

Esta semana mesmo, uma moça entrou no ônibus que eu estava e, mesmo tendo vários assentos vazios, advinha onde foi que ela sentou??? Advinha?? Pois é. O menino devia ter os seus seis, sete meses. E o culumim não se aquietava de jeito nenhum. Chorou o tempo todo e me deu cada chute que eu me lembrei dele durante todos esses dias, a cada vez que eu batia sem querer, no lado esquerdo da minha coxa.

Isso me faz lembrar que, uma vez, eu fui agredida dentro de um ônibus. Eu e todo mundo que entrava nele. Uma crente resolveu que, seria uma boa forma de converter os pecadores, batendo no ombro deles e dizendo: "Jesus te ama". A gente não conseguia saber nem de onde tinha vindo aquilo, por pelo menos uns três segundos. Quando a gente ouvia a pessoa atrás de nós gritar: "Ai!" é que a gente olhava pro lado e via a velha, sentada naquela primeira cadeira reservada aos portadores de nessecidades especiais, batendo em todo mundo. Aquilo doía! E eu via a hora em que alguém mais desprovido de bom humor, revidaria o tapa que a mulher tava dando de presente pra todo mundo.

Mas, assim como essa crente, tem gente que não tem o senso. Não percebe que está dentro de um ônibus e que tem mais pessoas ali e que, não são obrigadas a ouvir tudo o que ela está conversando com a pessoa ao lado.

Eu tenho pra mim que, pessoas que falam alto demais, têm problemas de surdez. Pelo fato de não ouvir bem, ela acha que está falando baixo e aumenta o tom de voz e acaba estourando os tímpanos de pessoas normais que ouvem perfeitamente bem.

Tem sempre um que: primeiro, o celular dele toca e ao invés dele fazer o favor de atender e nos poupar daquele toque rídiculo e absurdamente alto, deixa tocar ainda por uns cinco segundos, como se não tivesse se dado conta de que a droga do celular dele está tocando; segundo, se ele falar um pouco mais baixo, a pessoa do outro lado da linha vai ouvir do mesmo jeito e... a gente não, olha que beleza!

- ALÔ!!! OI!! O QUÊ?? TÔ CHEGANDO!!! ME ESPERA AÍ QUE EU TÔ CHEGANDO!! - Eles sempre estão chegando em algum lugar...

Ontem eu peguei um ônibus e uma senhora não tinha problema nenhum em compartilhar a sua conversa com o resto dos passageiros. Eu ainda nem sei qual a necessidade dela falar tão alto, porque tipo, a pessoa com quem ela conversava estava sentada ali, do lado dela. E achando pouco, de repente, ela colocou a cabeça pra fora da janela e gritou pra alguém no meio da rua:

- ZÉ ROBERTO!! ZÉ ROBERTO!!! - Isso, com o ônibus em movimento, então daí você imagina que ela tinha que aumentar o volume a cada vez que se afastava mais... - VAI PRA ONDE, ZÉ ROBERTO?? AH! VAI PRA CASA DA VÓ DELE! - Falando pra colega dela, ao lado.

E a minha cara ficou mais ou menos assim:

- !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Tinha necessidade desta mulher gritar tanto dentro de um ônibus só pra saber que o Zé Roberto ia pra casa da avó dele? O pobre deve ter morrido de vergonha... Só tava indo visitar a vovó, coitadinho... Nada de mais...

No mesmo ônibus, ainda aqui no Bela Vista, bairro onde eu moro, entraram três figuras esquisitas e ricamente enfeitadas com bijuteria de R$ 1, 99. Uma delas sentou na minha frente e, mesmo tendo uma cadeira vazia na frente dela a outra amiguinha sentou atrás de mim. O que não faria a mínima importância, se elas não resolvessem conversar durante toda a viagem... comigo no meio delas. Já a terceira amiguinha, sentou no lado oposto, mas isso também não impediu que as três conversassem alegremente. Eu tava totalmente... "adorando" aquilo.

E, como uma delas estava bem na minha frente, não pude deixar de observar. Primeiro que ela falou pra mulher lá do outro lado:

- Meu feriado vai começar é hoje! - Só pra lembrar... ainda era terça-feira e o feriado só é na quinta.

"Logo vi...", pensei comigo, "só pode ser funcionária pública..."

Ela ia dizer que estava doente ou algo assim e só ia aparecer no trabalho lá pra segunda-feira. Olha só de que nós estamos servidos...

A mulher era tipo, tosca. Começando com os dentes dela que eram terrivelmente afastados na frente. Cara... ali dava pra passar um trêm, sendo que no espaço de baixo dava pra passar DOIS trêns, porque era bem maior. Não contente com aquele detalhe que já chamava bastante atenção pra boca dela, ela me passa aquele batom vermelho-rapariga, que nem as raparigas estão usando mais, a não ser as da Paissandu, claro e que não deixava a gente olhar pra outro lugar que não fosse, a boca dela.

Ela realmente parecia gostar de vermelho porque a produção dela, naquele dia, era quase que exclusivamente desta cor, começando pelo cabelo, indo pro batom, brincos, pulseiras e o esmalte das unhas. Mas... tem gente que é feliz com coisas simples da vida, né? Fazer o quê...

Uma vez um senhor de meia idade entrou no ônibus, vestido numa camisa amarela, daquele amarelo que faz o sol parecer um simples strass. Logo atrás dele, entrou uma mulher com uma blusa da mesma cor. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi: "O que é isso? A festa do amarelo?!" e, a segunda coisa foi que, ela era esposa dele e além disso, foi a culpada pela compra daquela peça de vestuário tão... amarela.

Não tem como a gente deixar de observar as loucuras que aparecem dentro dos coletivos de cada dia. Eu nem vivi tantas coisas assim, se comparado com uma amiga minha que já foi alvo do vômito matinal de uma garotinha não muito acostumada com os sacolejos do ônibus, (Viu? Essas crianças...) e, certa vez, o motorista mudou um pouco o trajeto e levou todo mundo pra delegacia por causa de uns arruaceiros que estavam fazendo bagunça lá no fundão. Ela dorava contar essas histórias... rsrsrs

Um senhor, uma vez, não sei porque das quantas, achou que era legal cuspir DENTRO DO ÔNIBUS!! Não uma vez mas, VÁRIAS vezes!! E-ca!!! Que nojo!!!! Homem no-jen-to!! Aff...

Eu num vou nem falar nos epsódios que envolviam cuspe, porque senão... quem vai vomitar sou eu.

Tá. Parou.

É... vida de probre é uma desgraça. E, olha, ainda vou ter que andar MUITO de ônibus, pra saber o que é bom pra tosse. Ai, ai... Queria ter nascido rica, ao invés de ter nascido bonita. rsrsrsrsrsrs

Brincadeira, pessoal!!!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Lembranças...




Não é fácil a gente perder as pessoas que ama... Ainda mais pela culpa que vem junto. Culpa de não ter dado o valor que aquela pessoa merecia, de ter procurado ficar mais junto e aproveitar mais todos os momentos.

Eu senti essa culpa. A gente morava perto e eu deixei de ir lá, jogar conversa fora, depois que a gente saiu da escola. A gente estudava no mesmo prédio da univesidade e se esquivava da presença um do outro.

Eu pedi que o Nilson me desse umas aulas de desenho, pra eu ter um pouco mais de noção e poder fazer o teste para o curso técnico de artes plásticas, que ele também tinha feito. Eu liguei pra ele, a mãe dele foi chamar e ele atendeu com toda aquela delicadeza que ele sempre tinha...

- Que é?

- Ave Maria... Deixa de ser bruto! rsrs

Ele disse que ia me ensinar, falou o material que eu ia precisar e a gente marcou...

Eu não fui. Eu estava na casa de uma amiga minha, perto da casa dele, bem pertinho e eu não fui... Inventei uma desculpa qualquer, liguei pra ele e não o vi mais...

Mas a gente nunca aprende. É um defeito terrível que a gente tem, essa mania egoísta de achar que os amigos são imortais e que não ousarão morrer primeiro.

E agora, ele só vive na minha lembrança...

Um dia o Nilson me levou um teste de Q.I pra fazer na sala de aula. Ele fazia essas coisas comigo porque sabia que eu embarcava nas doidices dele, rsrsrs. Quando eu terminei, ele contou os pontos e disse:

- Até que tu te saiu bem... (como quem dissesse: "pobrezinha... tem que se esforçar mais...).

Mas tinha umas perguntas lá, com umas respostas bem duvidosas... rsrsrs.

Eu tinha uma lista de nomes, que eu fazia pra quando fosse escolher os nomes dos meus filhos. Ele achou a lista interessante mas... resolveu dar a sua pequena contribuição. Então ele acrescentou:

->Nilson (é claro);
->Ozzy Osbourne;
->Robert Plant;
->John Paul Jones;
->Jimmy Page;
->John Bonham.

Só me surpeendi por ele não ter acrescentado o nome, John Lennon, à lista. Talvez ele não achasse que o meu filho fosse digno de carregar o nome do grande ídolo dele, rsrs.

Outro dia, eu pedi pra ele escrever na minha agenda. Aquelas coisas que a gente tem quando é adolescente (e menina) de pedir pros outros escreverem falsidades para gente ler uma vez e esquecer no fundo do armário.

Ele disse que não estava com cabeça pra escrever e que faria isso num outro dia. Eu continuei insistindo. E ele continuou avisando...

- Olha, se eu pegar essa tua agenda aí, eu vou fazer uma coisa que tu não vai gostar...

Eu paguei pra ver. Talvez fosse isso que ele gostasse em mim, também. Outra pessoa, no meu lugar, teria dito: "Ah, não! Não vai estragar minha agenda!"

Então ele tomou da minha mão e fez uns rabiscos toscos com caneta preta, bem na página em que estava escrito um poema de Vinícius de Moraes. Coisas do Nilson.

Até que um dia, ele chegou pra mim e pediu a agenda. E escreveu assim:


"De: Josenilson Ferreira de Lima
Para: Lanussa Raquel


EU não tenho o que escrever!
Não tenho o que dizer!
Estou muito ruim da cabeça!
Não estou nem aí, se
minha letra estiver ruim,
pois aos poucos estou
resurgindo do meu fim!

Você sabe que uma pessoa, que é difícil mentir, sou eu.
Antes de te conhecer, eu pensava que você era muito antipática, chata etc...
Mas, com o tempo, aprendi que não se deve julgar as pessoas pela aparência.
Você sabe que, você contribuiu para analizar minha consciência!
Continue assim, (deixe um pouco de ser tímida), amiga, compreensiva e atenciosa, pois as pessoas ao seu redor precisam de você!!!!!!!!!!!!!!!

Josenilson Ferreira de Lima"


Essas palavras escritas num letra forte e marcante, são como um pedaço dele.

Houve uma vez em que nós estávamos conversando e eu dei uma resposta que ele não gostou (mas, de brincadeira, é claro), então ele fechou a mão como se fosse me dar um murro e, quando ele chegou bem perto do meu rosto, desviou depressa e bateu na parede atrás de mim. O Nilson era grande e tinha uma força terrível. Eu não queria mesmo estar no caminho daquele punho... Ele bateu com tanta força que os nós dos dedos dele, sangraram.

Então ele pingou umas três gotas de sangue, bem fraquinhas, na divisória do meu fichário e, em cima disso, ele desenhou a palma da mão dele (que tomou a página toda) e um esqueleto tocando guitarra e uma seta apontando para as gotas de sangue com as palavras: "sangue do Nilson".

Ele era bastante criativo e desenhava muito bem e fazia uns poemas doidos que ele me mostrava sempre. Pra mim e pro Joniel e eu me sentia muito especial...

Ainda me sinto. Quando eu lembro dele e da forma como ele me tratava, eu me sinto especial por ter sido escolhida por ele, para ser sua amiga.

Gostaria que vocês o tivessem conhecido... Gostariam dele também, tenho certeza.

Nilson, aparece sempre nos meus sonhos, tá? Não me deixa te esquecer... Não deixa.





terça-feira, 22 de abril de 2008

Nilson...


- Alô, Nilson?

- Oi.

- Nilson, feliz 2008. Feliz 2008 pra você... Que nós sejamos felizes nessa etapa que se finaliza...

- Tá. Te amo.

- Eu também te amo, Nilson. Nunca esquece disso, tá? Eu te amo... Te amo muito. Beijo!

O seguinte diálogo aconteceu num sonho que eu tive essa madrugada... Alguém me entregava um telefone e eu falava com o Nilson e desejava Feliz 2008 e dizia que o amava... Pena que não se pode mesmo pegar um telefone pra falar com ele. Pena que eu não possa vê-lo, nunca mais, a não ser em sonhos como este... Porque Nilson foi morar com Deus, há dois anos. Dois longos anos...

Nilson... ou melhor, Josenilson Ferreira de Lima, era um amigo amado. Era uma dessas poucas pessoas que eu amo de verdade. Porque eu amo poucas pessoas. Gosto de um monte, mas eu conto nos dedos, as que eu realmente amo. Amor, só é pra quem merece, não deve ser desperdiçado e com o Nilson, nunca se desperdiçava amor.

Eu o conheci quando minha mãe me mudou de colégio pra eu fazer o terceiro ano. Eu saí do centro da cidade pra voltar pra escola de bairro e eu detestei absurdamente aquilo. Não por ser escola de bairro... eu estudei em escolas assim durante toda a minha vida. O que me irritou foi a escola que ela escolheu. Eu a odiei desde o momento em que coloquei meus olhos nela.

Por causa disso, eu decidi que não faria parte daquilo de verdade. Deixaria passar aquele último ano de escola, sem fazer amizades com ninguém, como se eu não fosse integrante daquele mundo.

Mas, droga! O Nilson colocou tudo isso por água abaixo. Porque, já no primeiro dia, eu fiquei me contorcendo pra não rir de tudo o que ele falava. Eu não me via no direito de rir das "gaiatices" dele porque me achava totalmente a parte daquele grupo, que já se conhecia e tinha intimidade. E como era que eu podia fazer isso se ele sentava ao meu lado?! Foi uma terefa difícil... rsrsrs

Durante uns poucos dias, eu resisti bravamente. Mas, poxa, não tive como suportar! E desejava com uma força absurda, ser amiga daquele cara...

Um dia, ele conversava com as meninas que sentavam à minha frente, sobre música é claro, coisa que ele totalmente adorava. E também, é claro, que ele falava especificamente sobre Beatles e John Lennon. Eu fiquei prestando atenção na conversa deles, porque eu já falava com as meninas, então eu meio que me incluí na conversa, como espectadora. Ele percebeu isso e me incluiu de verdade me perguntando, com aquele jeito cavalheiro-forçado-de-propósito, rsrsrs, se eu gostava de John Lennon. Eu disse que sim e que meu pai tinha um disco dele, de vinil, bem antigo...

Eu vi os olhos dele se arregalarem, como se eu tivesse dito que o próprio John Lennon estava vivo e morava na despensa da minha casa.

Ele me pediu pra dizer como era o disco, pra saber se ele já tinha. Eu falei como era...

- Eu ainda não tenho esse. Tá valendo uns trinta reais...

- Eu vou procurar lá em casa e eu trago pra ti.

- Ou... num acredito!!! Ave Maria!!!

- rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs

Quando eu cheguei em casa, a primeira coisa que fiz, foi procurar o bendito disco e, quando encontrei, não via a hora de chegar na escola pra mostrar pra ele.

Pareceu que nunca ia chegar... Quando eu entrei na sala de aula, ele já estava lá. Esperei um momento, em que ele olhasse diretamente pra mim e eu pudesse dizer:

- Eu achei o disco!

- Num acredito!!

- Tá aqui na minha mochila.

Ele se ajoelhou de frente pra ela e ficou olhando... Eu tirei o disco e entreguei pra ele. Ele tocava como se fosse a coisa mais valiosa do mundo... Então ele me entregou de volta e eu disse:

- É teu. Eu trouxe pra ti!

- Conversa, menina!

- É sério! Pode ficar com ele.

Ele não coube em si de tanta felicidade e eu soube que tinha entrado no coração dele e ele no meu...

Ele mostrou pra todo mundo e disse pra todo mundo que EU havia dado o disco pra ele. Eu vi as pessoas me olharem como se tivessem me visto pela primeira vez e, eu ganhei um certo respeito, por ser amiga dele agora.

O Nilson me fazia rir o tempo todo e detestava o fato de eu falar baixo, porque ele quase nunca ouvia direito. Às vezes, quando eu respondia e ele não escutava, dizia bem alto, de propósito, pra chamar a atenção das pessoas:

- FALA ALTO!! ASSIM, PRA GENTE OUVIR!!

E eu queria me enfiar dentro da minha mochila. Me matava de vergonha...

Foi o Nilson que me ensinou o que era rock de verdade, me deu muita coisa pra ler, biografias dos grandes astros, CDs pra eu ouvir, toda a coleção dos Bealtes... Eu aprendi muito.

Ele me pedia pra tirar letras e fotos pra ele, da internet e traduzir as músicas preferidas dele... Eu sentia que ele gostava daquilo... De me ensinar. Ele dizia que morria de ciúme do material dele, dos livros, das revistas, dos Cds... mas que pra mim, ele emprestava. Só pra mim.

Um dia ele virou pra mim, de repente, e disse como eu ia encontrar o amor da minha vida...

- Tu vai estar saindo do supermercado, com uma sacola cheia de laranjas... Aí a sacola vai rasgar... BEI!! Vai cair laranja pra todo lado. Tu vai te abaixar e um cara vai pegar a mesma laranja que tu. E vocês vão se olhar nos olhos... (E imitou o olhar e tudo... rsrs).

Ah, Nilson... ando mais em supermercados, ultimamente. Mas nunca pra comprar laranjas, será que é medo da sua "profecia" se realizar? rsrs

O Nilson foi quem me deu o presente de aniversário mais lindo e maravilhoso do mundo todo. Eu ia fazer 18 anos e disse que organizaria uma festa e queria que ele fosse... Eu faço aniversário no dia 16 de Julho. No fim do semestre, no último dia de aula, ele chegou pra mim, me mostrou uma flor de papel crepom, daquelas que a avó da gente faz, coberta com parafina e disse:

- Eu não vou estar aqui no dia 16, porque eu vou viajar, mas eu vou ligar pra ti no dia...

E me entregou a flor.

Eu achei aquele, o gesto mais bonito e fiquei emocionada e dizendo o tempo todo, como eu o amava. As pessoas ficaram caçoando, dizendo que eu estava a fim dele... Elas não entendiam que a gente podia amar as pessoas e dizer isso pra elas, sem que fosse o namorado ou coisa do tipo. Tenho pena delas.

O Nilson sempre dizia que era bruto. Mas ele não era. Coisas como essas diziam abertamente isso. Eu vi como ele ficou sem graça quando me entregou a flor... Ele era o amor.

No dia do meu aniversário, ele não ligou. Foi no dia seguinte que ele fez isso. A ligação estava ruim, ele estava no interior do Maranhão e disse que, só não ligou no dia anterior, porque não tinha conseguido ir pra cidade. Mas ele lembrou... Pessoas que se diziam minhas amigas, não lembraram. Pessoas que moravam perto de mim. Mas ele, sim.

Quando o Nilson passou no vestibular, eu que dei a notícia pra ele. Ele passou na segunda chamada, eu vi no jornal e liguei pra dar os parabéns. Ele achou que eu estivesse... como era que ele dizia? "Frescando com a cara dele". Ele me agradeceu e saiu correndo pra comprar o jornal.

Nós passamos a nos encontrar nos corredores da universidade, mas quase nunca nos falávamos. O Nilson era um cara esquisito, mas eu sabia entender e respeitar a esquisitice dele.

Quando a gente estudava junto e ele chegava com a cara fechada, parecendo que ia matar o primeiro que cruzasse o caminho dele a golpes de machado... e as pessoas ficavam perguntando o que ele tinha, eu ficava na minha, fingindo que ele não estava nem ali e esperando o tempo certo. E a primeira pessoa com quem ele falava ali, era sempre eu. Ele entendia que eu o entendia.

E na universidade não foi diferente. A gente se esbarrava e se tratava como estranho, mas de repente, num dia qualquer, a gente conversava como se ainda se encontrasse todo dia na escola.

- Às vezes eu passo e não falo contigo... Mas tu sabe como é meu jeito! Eu sou doido!

- Eu sei Nilson, eu sei...

No último dia em que a gente se viu, na parada de ônibus, eu apenas o cumprimentei como tantas vezes e fui conversar com minhas amigas. Então ele me chamou, com um sorriso e perguntou:

- Advinha quem chegou?

- Joniel! - Eu falei.

Era o grande amigo do Nilson, quase irmão, que tinha ido morar em Londres e que estudou com a gente também. Foi meu amor platônico do terceiro ano, rsrsrs, o Nilson sabia disso.

- Ele tá pra São Luis, mas chega segunda-feira. Liga pra ele! Tu tem o telefone?

- Não...

- Então anota aí!!

Eu anotei, mais por fazer a vontade dele do que por interesse de ligar. Durante dois anos a gente não se falou e, antes dele viajar, a gente já se via bem pouco. Mas o Nilson tava tão empolgado...

- Liga pra ele!!!

Eu nem imaginava o quanto aquele telefone me seria últil...

No dia em que um aneurisma pegou o Nilson distraído, recebi um telefonema da minha amiga, que falava aos gritos:

- O Nilson morreu!! O Nilson morreu!! - E a ligação caiu...

Então eu lembrei do telefone do Joniel, escrito apressadamente em meu caderno e liguei pra ele. E quando eu falei com o Joniel, pela primeira vez em dois anos e meio, foi pra ouvir ele dizer que o Nilson não estava mais entre nós...

Eu não fui me despedir do Nilson... não tinha forças. Não fui ao velório, nem enterro, nem missa de sétimo dia. Era como se eu estivesse vivendo em um mundo paralelo, fora do meu corpo... Eu sonhei com ele durante toda a noite e de quando em quando, eu acordava e achava que a morte dele é que era sonho, um pesadelo. O refrão da música do John Lennon não me saia da cabeça. A cada hora que eu acordava, ela tocava...

"I love you, yeah, yeah

Now and forever..."

E eu caí de cama e não registrei mais nada ao meu redor a não ser a falta que ele ia me fazer.

Eu sonhava com ele todos os dias. Eu dizia pra ele que ele tinha morrido, que ele tinha que aceitar... Na verdade, quem tinha que aceitar era eu.

Eu sempre soube que tinha esta pendência: escrever sobre ele.

Eu tinha que dizer o quanto eu o amei e ainda o amo. Pra sempre. Pra sempre.

Eu guardo aquela flor... Ela é meu elo com ele. É meu presente lindo. Eu vou lembrar sempre, de todas as risadas que eu dei, de todas as SUAS risadas, estridentes, altas, das palhaçadas, das meiguices que só eu via, na maioria das vezes.

Eu te amo sempre. Sempre...




domingo, 20 de abril de 2008

Todo mundo!!!

Vista aérea da turma: "Jornalista Carlos Castelo Branco". rsrsrs

A Dita Formatura



Festa boa, é a festa dos outros... Quando a festa é nossa, a gente nunca aproveita...

Eu não sou muito chegada a essas cerimônias que as pessoas inventaram para marcar certas passagens... Tipo, batizado, primeira comunhão, crisma, casamento, formatura... Geralmente, são bastante demoradas e entediantes, embora eu não tenha achado a minha eucaristia e a minha crisma, assim, muito chatas. Eu até gostei e me diverti, mas tenho certeza de que isso se devia mais ao fato de eu estar participando ativamente do evento. Eu ouvi, por exemplo, de alguns convidados, que tudo foi muito demorado e parecia nunca ter fim. E eu diria a mesma coisa se estivesse só assitindo.


Por isso, se um dia eu tiver que me casar, vou abrir mão de todas essas coisas de igreja e flores e sermão demorado do padre e vou pra uma praia, receber a benção do Deus em pessoa, por meio do vento no meu cabelo, da areia debaixo dos meus pés descalços e do sol no meu rosto. Bem mais divertido.

Uma pena que eu não pude fazer isso na minha formatura... (Talvez eles achassem meio estranho eu entrar no auditório do Centro de Convenções, vestida só de biquini e canga e com um colar de orquídeas no pescoço).


Foi exatamente por isso que, desde o começo, eu recusei essa idéia de baile de formatura, porque pra mim, não há coisa mais sem sentido do que você gastar uma fortuna com roupa, cabelo e maquiagem, ficar com dores musculares durante três dias seguidos, por causa do salto, tudo isso, só pra chamarem seu nome e você dar uma desfiladinha por um tablado (pelo qual você também pagou uma fortuna).

Então, eu sempre achei que era mais divertido e instrutivo, eu pegar essa grana toda e ir me bronzear nas areias da Jamaica (o que só não aconteceu porque... bem, eu tive umas despesas extras com umas idas à José de Freitas e por isso fiz uns desvios da poupança... mas, por favor, não contem pro meu pai, é um segredo nosso. rsrsrs).



Mas, a colação de grau foi uma coisa da qual eu não pude fugir. Não pude mesmo. Daí, decidi gastar metade da fortuna, nesse negócio de beca preta e um canudo bonitinho que não tem nada dentro...

Que coisa mais estressante, é se formar... principalmente se você estuda na Uespi - Universidade Estadual do Piauí. Porque, imaginem só... Depois de já ter passado por dois desses eventos de formatura (aula da saudade e missa) e já estar bastante cansada por causa dos preparativos que começaram duas semanas antes e dar aula pra duas pestes (mentira, elas não são pestes, eu só disse isso pra colocar um pouco mais de drama... rsrs) durante a semana e aulas de Inglês, no sábado... a Uespi vem me dizer NO DIA DA FORMATURA, 11h da manhã, que eu não ia poder colar grau, a não ser que abdicasse do curso de Relações Públicas, que ainda é o motivo de eu estar dentro de um curso de comunicação.

11h da manhã foi um horário bastante legal, diga-se de passagem, porque lá naquela filial do inferno (porque você começa a pagar todos os seus pecados lá), todo mundo pára de trabalhar 1h da tarde. Quer dizer, parar de trabalhar é bondade minha, porque ali, ninguém faz nada mesmo...



Eu tinha tirado o dia de folga. Não ia trabalhar à tarde pra poder descansar. Eu precisava daquilo, pra poder curtir, pelo menos um pouco, a droga da minha formatura. Porque, ora, é um absurdo a pessoa estar com plena consciência de que tem dois pés. Não, isso não é conversa de gente maluca e nem eu estou drogada. Você também acharia um absurdo, se lembrar o tempo todo que tem dois pés, principalmente se essa lembrança fosse por causa das dores tenebrosas que vinham diretamente deles.

Meu plano de descanso foi por água a baixo, porque a Uespi gosta de colocar um pouco de emoção na vida da gente. Por isso, eu me taquei aqui, da minha casa, do meu lar doce lar, quase no "pino do mei dia", pra ir xingar a mãe de todo mundo que trabalha ali...

O negócio é que, mamãe teve a idéia terrível de me dar educação e... droga, quando já estava na ponta da minha língua, eu tinha uma visão repentina dela com aquela cara de reprovação. Mas, às vezes eu fingia que não estava vendo e disse um ou dois palavrões... tá, foram mais de dois... mas eu não xinguei a mãe de ninguém, o que já é grande coisa.

O fato é que, no final, eu e mais dez pessoas, tivemos que abdicar do curso de Relações Públicas, sendo que todo mundo ali já tinha terminado o curso, menos eu e Mírian, que ainda não entregamos o trabalho de conclusão de curso. Tudo isso depois de fazer uma peregrinação pelos cartórios (agora, sim, no "pino do mei dia") e pelos corredores do Palácio Pirajá, ouvindo ao final de cada pergunta: "Não sei... não sei... não sei...".

Porra!!! Lá ninguém sabe de nada!!!! É de tirar qualquer um do sério!! (Daí vocês tiram a força de vontade que eu tive pra não xingar a mãe de ninguém...). E isso tudo na correria contra o tempo, porque em questão de minutos eles teriam motivos verdadeiros pra não fazer porra nenhuma lá dentro, era QUASE 1h da tarde.

Cara... parecia aquele programa que o Gugu apresentava nos anos 90... como era mesmo o nome? Ah!! Corrida Maluca!!! Putz! Se aquele programa já não estivesse há anos em extinção, eu diria que eles tinham se inspirado nos funcionários da Uespi. E ainda tem aquele piso super incerado que é pra dificultar bastante quando a gente tiver que correr de um lado pro outro e de salto alto.

Então, depois dessa corrida maluca e de ter abdicado do meu curso de Relações Públicas, que ia fazer de mim uma R.P totalmente demais, eu voltei pra casa, só pra ficar umas horas e ter que ir pro salão de beleza pra fazer cabelo e maquiagem. O que foi outro motivo de pequena irritação.

Pra mim, cabeleireiro bom, tem que ser mulher. Eu disse cabeleireiro, com O no final. Eu escolhi um indivíduo-homem-de-verdade pra fazer minha maquiagem, o que foi um erro terrível. Porque, vejam bem, é o cúmulo da falta de absurdo, ele passar rímel INCOLOR nos cílios de uma mulher!!! Afinal, eu não sei nem PRA QUE SERVE RÍMEL INCOLOR!!!! Quando o cara é gay, esse tipo de gafe não acontece, porque ele se coloca no lugar da gente e sabe exatamente o que a gente quer. E eu não teria que pedir: "Por favor... será que daria pra você passar rímel de verdade nos meus olhos?!" Além do que, ele passou na minha boca o batom mais vermelho que achou por lá. Gente, presta atenção!!! A minha boca já chega primeiro do que eu em todo lugar que eu vou! Pra que batom vermelho??? Afff...

Quando eu, finalmente, cheguei ao Centro de Convenções, a minha cabeça latejava de tal forma e os meus pés doíam tanto, que eu achei que não chegaria com vida até a hora em que eles entragam o canudinho bonitinho que não tem nada dentro. O que seria uma pena, porque eu paguei por aquilo também...

Eu detestei aquele chapéu que a gente tem que usar nessas formaturas. Ele arruinou meu penteado, sem falar que eu dei trabalho pra moça lá do cerimonial, que tinha que se abaixar de cinco em cinco minutos pra pegar o diabo do chapéu que insistia em cair no chão. Não segurava na minha cabeça! Sabe como é, né? Cabelo liso é uma coisa... rsrsrs

Não vi ninguém da platéia. Aliás, eu não enxergava um palmo diante do nariz. Abri mão dos óculos pra sair bem nas fotos e fiquei cega durante toda a cerimonia.

Ao final de tudo, alguém teve a idéia brilhante de jogar o tal chapéu pra cima (mesmo a moça lá tendo dito: "Não joguem o chapéu") e o resto todo fez o mesmo e um deles acabou quebrando um vaso atrás de mim, me encharcando de água e eu só não xinguei a mãe, desta vez, porque não caiu água no meu cabelo e porque... bem, eu não tinha mais forças pra nada e só estava respirando mesmo porque era o jeito.

Terminaram de arruinar meu cabelo quando foram me cumprimentar pela formatura. Ninguém sabia respeitar o tempo que eu passei no cabeleireiro pra fazer meu cabelo ficar daquele jeito. A cada vez que me diziam parabéns e me davam um beijo em cada lado do rosto, esfregavam o meu cabelo nas minhas costas e, francamente, totalmente sem necessidade!

Organizei um jantar pros meus convidados e nós fomos direto pra lá. Tudo que eu queria era me sentar e ser servida... mas não. Tem aquela história de tirar foto com todo mundo e dar atenção pros convidados e eu fiquei andando pra lá e pra cá, com dor de cabeça e o estômago embrulhado.



É... festa boa é a festa dos outros. Quando a festa é nossa a gente nunca aproveita. Eu nunca mais me formo na vida. Não estou falando de não estudar mais e, sim, de nunca mais fazer parte de uma formatura. Termino o curso e vou fazer o juramento sozinha, na sala da reitoria. Bem mais prático.

E ainda hoje eu lembro que tenho pés...

domingo, 13 de abril de 2008

Enfim...


Gente... Enfim, eu me formei. E essa tal de formatura é um troço bastante esquisito... principalmente em se tratando da nossa boa e velha UESPI, né?
O babado todo aconteceu na sexta, 11, mas eu conto depois porque eu tô muito cansada, aff...
Té mais!

Para o Éric... hehehehehe


Você tem recebido com freqüência ligações de operadoras de telemarketing para lhe tentar vender assinaturas de jornais, planos de saúde, cartões de crédito, abertura de conta em banco, livros, etc...

Você já está cansado dessas ligações??

Eis aqui 10 meios de "atormentar" a pessoa que está do outro lado da linha...

01) Quando a pessoa lhe perguntar "como vai?" Responda: "Estou tão feliz que você esteja me perguntando isso! Hoje em dia ninguém mais se preocupa comigo e preciso tanto conversar com alguém... Minha artrite está me matando e meu cachorro acaba de morrer. O pior é o meu médico que me disse...".

02) Peça um tempo, dizendo que vai pegar uma caneta e um bloco de papel e fale à pessoa para falar MUITO devagar porque você estará escrevendo tudo o que ela disser.

03) Quando a pessoa disser: "Bom dia, meu nome é Francisco da empresa X", peça-lhe para soletrar o nome e sobrenome, e o nome da empresa. Faça-o repetir. Pergunte o endereço, faça soletrar o nome da rua, o CEP. E faça-o repetir novamente. Peça-lhe o nome do chefe dele, o número do CGC da empresa dele. Faça pausas longas como se você estivesse escrevendo tudo num papel. Continue a fazer perguntas pelo tempo que for necessário.

04) Quando a pessoa se apresentar (ex: "eu sou Júlia"), dê um grito: -"Júlia? Oi. Querida! É você mesma? Faz tanto tempo que não tenho notícias suas! Como é que você foi na faculdade? Você não lembra mais de mim?"

05) Se uma empresa de telefonia ligar para lhe oferecer descontos nos interurbanos, responda com voz sinistra: "Não tenho amigos. Ninguém quer ser meu amigo. Ninguém quer falar comigo. Você quer ser meu amigo? Eu poderia ligar para você... Qual é teu número?"

06) Se uma administradora de cartão de crédito ligar para lhe oferecer um cartão, responda que esta oferta caiu do céu, você acabou de ficar desempregado e está com um monte de dívidas, seu cheque especial foi cortado e que finalmente você vai poder fazer as compras de supermercado. 07) Ou então diga que você está em liberdade condicional, num programa de reabilitação social para detentos e que você precisa pedir à assistente social a autorização dela.

08 ) Depois de ter ouvido tudo o que a pessoa tem a dizer, peça-a em casamento, porque você só dá seu número de cartão de crédito à sua esposa.

09) Dependendo do sexo da pessoa que te liga, diga à pessoa: "Nem tente, André (ou Andréa, se for mulher), eu já reconheci tua voz! Essa brincadeira é boa, mas agora não tem mais graça. E como vai a tia Palmira?" Não importa o que a pessoa lhe disser, repita: "Pára com isso, André, você não percebeu que eu já te reconheci?" E... finalmente, esta é a melhor resposta...

10) Diga à pessoa que você está muito ocupado no momento, mas que lhe dê seu número particular que você irá ligar mais tarde para a casa dela. A pessoa evidentemente não vai querer lhe dar o número. Responda então: "Eu imagino que você não queira ser importunado na sua casa... Eu também não!"

quarta-feira, 2 de abril de 2008

O dia mais feliz...


O dia mais feliz da minha vida aconteceu quando eu tinha uns oito anos de idade. Não foi um daqueles dias em que acontecem coisas grandiosas e extraordinárias. Foi apenas um dia comum, na casa da vovó, brincando com as primas e, para mim, isso bastou para que o dia recebesse o nome de: mais feliz da minha vida...

No dia anterior ao dia mais feliz eu, minha irmã Larissa, minha prima Janaína e nossa amiga Elizete, resolvemos fazer o batizado da boneca desta última. Boneca muito querida entre todas nós, era imprescindível que fizéssemos seu batizado e, ora, também era uma boa desculpa para fazer uma brincadeira bem divertida. Nas nossas idades, era muito comum fazer aniversários e batizados de bonecas. Digamos assim que, era a última moda, em se tratando de brincadeiras femininas (que os meninos não se importavam de participar, principalmente pelas guloseimas grátis).

O dia seguinte foi minuciosamente planejado e esperado com bastante ansiedade. Mal cabíamos em nós de tanta vondade de viver logo aquilo.

Acordamos cedo. Planejamos ir à missa e a nossa prima mais velha, Janaína, foi responsabilizada de nos levar. A "bem mais velha" tinha então 12 anos. Eu nunca fui de gostar de missa mas, quando a gente é criança e as coisas têm cara de brincadeira, a gente gosta de tudo, até de ir ao dentista. Ainda mais que, era uma dessas ocasiões raras em que minha mãe não estava presente para nos dizer o que fazer o tempo todo.

Na volta, fomos conversando sobre os últimos detalhes e, assim que chegamos, fomos atrás de cuidar dos preparativos.

Quando já estava tudo pronto, já era hora do almoço. Fome de criança é uma coisa que não tem fim. E, nossa... como o almoço estava bom naquele dia. Um fato até curioso, se considerarmos que minha avó não cozinha lá muito bem... Mas, isso é apenas um detalhe...

Ficou combinado que, cada uma ia levar a metade do almoço, pra gente terminar de comer lá no batizado. O que foi um pouco difícil pra mim pois, como eu já disse, a comida estava ótima. Mesmo assim, eu pedi pra minha mãe guardar o que eu tinha deixado no prato.

Da casa da minha avó, nós fomos nos encontrar na casa de Janaína, que ficava ao lado. Fomos fazer o bolo da festa. Sem bolo não dá, né?

O local escolhido para batizar a boneca foi a sombra de um pé de caju. A gente gostava bastante de lá. E, de vez enquando, a gente fugia pra lá e ficava horas brincando.

Nós levamos um banquinho, pra servir de mesa, metade do almoço de cada uma, um pacote de biscoitos e o bolo feito de uma mistura de pão, leite e açúcar (não estava muito bom mas, ergh! enfim... criança é criança).

A cerimônia foi simples e bonita e a bonequinha ganhou três madrinhas. Depois nós comemos tudo o que tinha lá e brincamos a tarde toda.

Foi uma coisa tão modesta... mas eu lembro de todas as emoções que eu senti. Eu estava gostando tanto... Tudo havia saído com planejado. Éramos crianças com idade entre 7 e 12 anos e, pela primeira vez, fizemos coisas muito importantes e sem ajuda dos adultos.

- Esse é o dia mais feliz da minha vida. - Eu disse.

Como eu falei antes, no "dia mais feliz" eu não fui à Disney, eu não ganhei uma Barbie, meu pai não me levou pra fazer um passeio espetacular, nem coisa do tipo. E, depois que eu cresci, eu comecei a ver o que realmente pode significar um "dia mais feliz". Quando a gente cresce, as nossas vontades e desejos, crescem junto. A forma como a gente vê as coisas ao redor, muda. Tudo muda. Menos o dia mais feliz da minha vida.

Quando nós somos crianças, as coisas são mais puras e mais simples. Quando eu tinha 8 anos, eu decidi que aquele era o dia mais feliz da minha vida e não me atrevi a mudar isso, porque naquele momento, a minha sabedoria era bem maior do que a que eu tenho agora.

Muito aconteceu desde aquele dia. Muito eu vivi depois. Muitos momentos tão felizes quanto. Mas, o batizado da boneca vai ser, para sempre, um calorzinho bom no meu coração, pois, toda vez que eu lembro, não tenho como não sorrir.

No dia mais feliz da minha vida, o tempo estava ameno, o sol estava gostoso, a folhagem estava da cor verde que eu mais gosto, tinha pessoas que eu gostava ao meu lado, eu comi um bolo feito de pão, leite e açúcar e adorei tudo aquilo.

Talvez eu tenha levado algo de tudo isso. Talvez essa minha atração pelas coisas mais simples venha daquele dia. Talvez, por isso, eu adore um céu azul, principalmente o de José de Freitas, talvez por isso eu goste da presença dos amigos, talvez por isso os sorrisos me conquistam.

Eu sei que virão dias felizes também, eles sempre vêm... Mas aquele... Vai ser SEMPRE o dia mais feliz da minha vida.