sexta-feira, 27 de junho de 2008

O fim... e o começo.






LUNA, ANDRÉ
E OUTROS AMORES
"Diário de uma louca apaixonada"




14 de Outubro de 2002.
Segunda-feira.
03:36 p.m

O primeiro. Gabriel foi o primeiro que as fez brotar de meus olhos. Fluíram como se eu chorasse por qualquer outra coisa que não fosse desilusão de amor.
Ai que dor eu sinto. É uma dor tão grande, imensa. E eu não esperava que isso viesse dele. Dele nunca! Mas foi ele. O primeiro. E espero que seja o último...


***


Escrever em diários fazia parte da vida de Luna. Ela escrevia neles o tempo todo. Nunca relatava os fatos do dia tal e qual como eles aconteciam. Se interessava em colocar mais os seus sentimentos e não o que havia comido no café-da-manhã. Essa era uma tarefa que deixaria seu diário aborrecidamente chato e, de coisas chatas, ela queria distância. E de tristeza também, por isso, ela só voltou a escrever naquele diário no dia...



16 de Fevereiro de 2003.
Segunda-feira.
04: 45 p.m

Querido diário... ah, hoje você é querido!
Faz um tempinho que não escrevo em você. Talvez por não me trazer boas lembranças mas... enfim! Eu não vou recordá-las agora e estragar este momento tão íntimo de nós dois.

O nome dele é André. Ele é tão foooooooofo! Finalmente nós trocamos uns beijos! Ufa! Fazia o quê? Um ano? Um ano exatamente! E se não fosse Mariela, isso nem teria acontecido. Ele é tão tímido... Eu já disse que ele é fofo? Ele é tão foooooooofo...
Ah! Vou ter que suspirar por ele outra hora. Mamãe está me gritando como se o mundo fosse acabar.


***



- Luna! Lunaaaaaaaaaaaaaaa!

- Mãe - disse Luna em uma voz baixa e calma - Olha que coisa interessante. A mãe da Mariela usa uma voz tranqüila e carinhosa quando fala com ela.

- A mãe da Mariela mora no interior, eu sou uma mãe absolutamente urbana e estressada.

- Que coincidentemente, nasceu na mesma cidade em que ela mora agora. Renegando suas raízes mamãe? Muito feio isso. Tsc, tsc, tsc...

- Luna, minhas raízes não estão em questão no momento. O fato é: você tem que pegar sua irmã na casa da Mel. E faz meia hora que você deveria ter saído. Eu não quero que as pessoas pensem que eu sou uma mãe irresponsável e deixo minha filha na casa de pessoas estranhas.

- Hummm... mãe. Então, já que você não quer parecer irresponsável... Não seria melhor você mesma ir lá buscar a sua filha? Eu não me importo nem um pouco de parecer uma irmã irresponsável. - E fez um gesto levantando as mãos.

- Isso você já é. - Falou isso mais por querer falar do que por ser verdade, o que ela bem sabia que não era. - E não mude de assunto. - Suavizando o tom de sua voz e piscando os olhos em um semblante doce - Vá buscar sua irmanzinha, sim querida?

- Ai... certo. Já que mamãe pediu com tanta delicadeza. - Ironizou.

- E não esqueça de passar na confeitaria e trazer um pedaço de bolo de chocolate! Tem dinheiro embaixo do vaso da vovó.

- Ah... ótimo! Babá e office-girl... E eu nem ganho pra isso! - Saiu resmungando.

- Falou alguma coisa Luna?

- Não! Nada, mãe! Já fui!


05: 25 p.m (Casa da Mel)

Dá pra acreditar em um negócio desses? Eu estou aqui, sentada na porta da casa da Mel, esperando minha irmã, porque ela e a amiguinha acharam de ir tomar sorvete justamente quando eu vim buscá-la.

A empregada disse que elas acabaram de sair com a mãe da Mel. Ela é uma mulher robusta, grande e fala como se estivesse brigando com a gente. A empregada, eu quero dizer, não a mãe da Mel. E tem bigode! Eu não sei como a probrezinha da Mel não tem pesadelos à noite. Porque crianças, geralmente, tem pesadelos por qualquer coisa. Eu mesma, quando era pequena, tive uns pesadelos com um garoto da segunda série que insistia em me perseguir pelo pátio do colégio me fazendo favores... Era terrível! Um cara como aquele deveria ser preso por tentativa de pedofilia. E o fato de ele também ser criança nem alivia esse ato criminoso porque, por favor, ele já estava na segunda série e eu ainda fazia a alfabetização! Alfabetização! Eu ainda estava aprendendo a ler quando ele já bem ficava correndo atrás de menininhas mais novas com aquelas pernas terrivelmente finas que ele tinha. Nossa... Me dá até arrepios.

Mas... de que eu estava falando mesmo?

Ah! Da empregada da casa da Mel, a amiguinha de escola da minha irmã de 4 anos. Ela até me convidou para entrar e esperar na sala de estar mas... sei lá, achei mais seguro esperar aqui fora mesmo.

Bem e, antes de ser interrompida por mamãe me pedindo carinhosamente para vir buscar a Lorna. É o nome da minha irmã. E é um nome Celta. E o meu é latim. É o nome de uma deusa romana da Lua. E é claro que que já escrevi isso aqui antes.

E eu estava falando de André.

Lembra, diário, quando eu escrevi que, no ano passado, naquela festa de carnaval que aconteceu nas ruas de Serra da Luz eu conheci o primo de um amigo meu? Quer dizer, na verdade eu já o conhecia. Ora, quem não se conhece naquela cidadezinha esquecida por Deus?

Bem, o fato é que, eu fiquei encantada com ele porque quando uns caras quiseram me chatear pegando no meu braço e me puxando como se eu estivesse ali para o desfrute deles - o que eu acho totalmente detestável e sempre acontece quando uma garota está visivelmente desacompanhada... ou acompanhada também, em alguns casos - e André, fez a delicadeza de ficar expulsando esses caras a noite toda e dizer a todos eles que eu era sua namorada. Só para, no fim da noite, eu acabar ao beijos com um amigo meu, pelo qual eu nutria uma paixãozinha mal resolvida e, bem, era melhor resolver aquilo de uma vez, não é mesmo?

E depois, André e eu nunca mais nos falamos e eu só o via de longe. Até que nós fizemos o vestibular para a mesma faculdade, lá em Serra da Luz. É! Imagine! Faculdade em Serra da Luz! É sinal de que nem tudo está perdido, afinal. Aquelas criaturas de mente pequena agora têm uma fonte de saber. É só esperar que elas aproveitem isso...

Mas, enfim! Eu ficava só olhando ele de longe, nos intervalos das aulas e ele também ficava de olho comprido pra cima de mim e eu... Ah! Eu completamente adorava aquilo. O problema é que ele não tinha coragem nenhuma de se aproximar.

Então eu resolvi tomar uma providência e pedi ao meu primo, que era amigo dele (porque, afinal, quem não é nessa cidade...) e insinuar que tinha uma prima linda e que... bem, ele poderia querer, sei lá, me dar uns beijos ou algo do tipo. E isso nem é de se estranhar, da parte do meu primo, porque ao contrário de Ravena, que é a prima preferida, ele não tem nenhum ciúme de mim. O que me deixa irritada às vezes, porque eu sou bem mais legal que ela.

Mas, pelo menos, essa falta de apego por mim, me serviu de alguma forma e, o André se mostrou absurdamente interessado. O que, ainda assim, não o fez tomar uma atitude imediatamente. Então eu tive que pedir ajuda de Mariela, que era bem mais próxima dele do que Augusto, meu primo e, marcou um encontro entre nós dois.

E... ai meu Deus! Eu estava tão nervosa! Francamente, parecia que eu nunca tinha beijado um garoto na vida! E, como eu era tímida (e ainda sou) e ele também (e continua sendo) nós dois meio que ficamos sem saber o que dizer e fazer, o que era tipo, óbvio, numa situação como aquela.

E a noite foi adorável... Ai, ai... (suspiro).

Bem mas, é claro, nós só trocamos uns beijos mesmo e falamos sobre coisas tolas e, o fato de que a lua estava linda naquele dia e a boca dele ser uma graça... não vão me fazer querer qualquer tipo de apego-amoroso-paixonístico com ele porque, ora, eu passei por isso alguns meses atrás com Gabriel e eu meio que não gostei. Tá, na verdade foi a maior dor-de-cotovelo de TODA a minha longa vida de 18 anos e eu quase morri de tanto sofrimento, o que não convém lembrar agora.

Por isso, eu decidi (e quando eu decido, está decidido, porque decisões são muito importantes na vida de uma mulher decidida, como eu) que não vou querer mais nada com André, apesar de ele ser muito fofo e ter um sorriso lindo e eu caber direitinho no abraço dele... Não. Não adianta. Eu não vou ficar com ele de novo. Para o bem do meu coração. Nem que ele me peça e tudo mais... Nem se ele falar baixinho assim o meu nome e chegar pertinho até eu sentir o calor dele e sentir o meu corpo se aproximando e o cheiro dele me deixando meio zonza. Nossa... eu já disse como ele cheira bem...?

Mas, não! Nada disso! Sinto muito André. O nosso tempo acabou.

E falando nisso... Oh! Acabaram de chegar. E... nossa! Mamãe vai ficar uma fera quando vir aquela mancha enorme de sorvete de chocolate bem no vestido da Lorna...

A gente se vê mais tarde.


***

6 comentários:

♪ Juzão. disse...

Blog adicionado moça ;D

Renan disse...

Li o comecinho, gostei... C quem fez?
Pra ser sincero, hoje tô só o bagaço da laranja, então outra vez dou uma passadinha aqui com calma e leio tudinho... =D

Ah, vou te adicionar nos favoritos!

Té mais!
=*

Jonathas disse...

Eita que essa Luna parece com alguém que conheço, e fazendo todo esse charme aí de que não quer mais o tal André, hummm num sei não hein! rsrsrsrs

Lanussa Ferreira disse...

kkkkkkk Jonathas!!!!!! Poxa! Não acaba com a graça da coisa!!! Isso é uma obra de ficção!! Qualquer semelhança é mera coincidência! A propósito... eu acho que vou colocar isso no final de todos ps capítulos de Luna e André.

Jonathas disse...

Desse jeito tu te entrega muié.rsrsrsrsrsrsrs

Lanussa Ferreira disse...

Jonathas!! Eu não tô me entregando coisa nenhuma, porque não tem nada pra entregar aqui. Essa história não tem na-da a ver com a minha vida!! Totalmente não sou eu aí. Pára de confundir meus leitores... rsrs