domingo, 22 de junho de 2008

Luna e André...


A partir de hoje eu vou colocar aqui uma série. Ela vai falar de Luna, uma garota meio maluquinha que é apaixonada por diários e coloca a vida dela em todos eles, além do que não tem coragem de falar para as pessoas, como uma forma de desabafar e não ceder ao desejo de pular no pescoço de alguém, seja para esganar ou dar um beijo estalado. Algumas pessoas não reagem muito bem quando são esganadas... ou beijadas, é o que ela pensa.

Desde os 11 anos, eles acompanham Luna como amigos que estão sempre lá e, ela se sente segura com isso.

Mas, aqui, eu só vou mostrar um pedaço da vida dela. O momento em que ela conhece André, o cara machista e de mente estreita que a persegue durante 4 anos. Mentira. É ela que persegue o André, por achar que ele está apaixonado por ela e não sabe como dizer e demonstrar. E ela só precisa de um pouco de paciência pra conseguir fazer ele enxergar isso, é o que ela pensa também.

E quando ela jura que o esqueceu e que não o quer mais na vida dela, sempre aparece alguém pra ocupar seu coração. Mas, quando essa pessoa vai embora, André sempre volta... com força total! E a deixa desesperada com isso.

Luna é uma garota sonhadora e romântica e alegre, acima de tudo. Tem as amigas Mariela e Sandra como suas confidentes, além dos diários. Ela gosta da vida e dos amigos ao seu redor. Começou várias faculdades antes de se concentrar no jornalismo. (Eu sei que isso tá parecendo muito comigo, essa parte do jornalismo, eu quero dizer. Mas, poxa, eu não tenho tempo de fazer pesquisa e já tenho experiência nessa parte. Vamos ser práticos então.)

E eu não vou mais falar nada porque senão perde a graça. Vejam a vida de Luna por vocês mesmos...





LUNA, ANDRÉ
E OUTROS AMORES
"Diário de uma louca apaixonada"




Luna não pensou duas vezes. Rasgou a primeira, a segunda, duas de uma vez. E as folhas do diário foram se despetalando como uma flor.

Era capaz de gestos impulsivos, às vezes. Queria chocá-lo, queria magoá-lo, queria bater nele, ferir. E como não podia - nem seria capaz, se pudesse - arrancava página por página daquele diário que a acompanhara durante aqueles meses de solidão suspirativa e frustração absurdamente contida no peito, fazendo-a sofrer.

Ele olhava e sorria, talvez achando engraçado mesmo, aquele ato de loucura repentina, talvez tentando camuflar um pouco de preocupação ou querendo se convencer de que não tinha magoado aquela garota afinal.

Não. Não tinha. Ela era engraçada, às vezes. Já devia ter se acostumado com as maluquices dela. Rasgar o diário daquele jeito só porque ele a fizera pensar que havia espiado as palavras escritas na primeira página. Quanta tolice!

Ele pediu para ela abrir o pequeno cadeado que o trancava, isso ele havia pedido. Mas nunca achou que ela faria isso, pelo amor de Deus! E depois, seria engraçado ele tirar o diário das mãos dela de surpresa. Só nunca pensou que ela sairia correndo atrás dele, descalça, na rua deserta.




Os pés de Luna ainda ardiam. Não era para menos, se ela lembrasse que que tinha acabado de sair correndo, deixando as sandálias no terraço da casa da tia, para queimar os pés delicados no asfalto flamejante. Bem no horário em que o sol tinha preferência por castigar todo e qualquer ser vivo que fosse corajoso o bastante para se colocar sob seus raios.

Os pés queimavam, o coração doía, os olhos ardiam de secura e ela não deixaria uma única lágrima cair antes que ele estivesse longe o suficiente.

Quando ele partiu, os olhos de Luna foram inundados de repente, com uma força que ela não esperava, com todas as lágrimas que ela nunca conseguira derramar em situações como aquela e estava surpresa com tamanha intensidade. Surpresa e terrivelmente amedrontada. Mas, além do medo e da tristeza ela tinha uma certeza. Ele saira dali sabendo de uma coisa. Não importa o que aconteça. Nunca mexa no diário de uma garota.

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