domingo, 20 de abril de 2008

A Dita Formatura



Festa boa, é a festa dos outros... Quando a festa é nossa, a gente nunca aproveita...

Eu não sou muito chegada a essas cerimônias que as pessoas inventaram para marcar certas passagens... Tipo, batizado, primeira comunhão, crisma, casamento, formatura... Geralmente, são bastante demoradas e entediantes, embora eu não tenha achado a minha eucaristia e a minha crisma, assim, muito chatas. Eu até gostei e me diverti, mas tenho certeza de que isso se devia mais ao fato de eu estar participando ativamente do evento. Eu ouvi, por exemplo, de alguns convidados, que tudo foi muito demorado e parecia nunca ter fim. E eu diria a mesma coisa se estivesse só assitindo.


Por isso, se um dia eu tiver que me casar, vou abrir mão de todas essas coisas de igreja e flores e sermão demorado do padre e vou pra uma praia, receber a benção do Deus em pessoa, por meio do vento no meu cabelo, da areia debaixo dos meus pés descalços e do sol no meu rosto. Bem mais divertido.

Uma pena que eu não pude fazer isso na minha formatura... (Talvez eles achassem meio estranho eu entrar no auditório do Centro de Convenções, vestida só de biquini e canga e com um colar de orquídeas no pescoço).


Foi exatamente por isso que, desde o começo, eu recusei essa idéia de baile de formatura, porque pra mim, não há coisa mais sem sentido do que você gastar uma fortuna com roupa, cabelo e maquiagem, ficar com dores musculares durante três dias seguidos, por causa do salto, tudo isso, só pra chamarem seu nome e você dar uma desfiladinha por um tablado (pelo qual você também pagou uma fortuna).

Então, eu sempre achei que era mais divertido e instrutivo, eu pegar essa grana toda e ir me bronzear nas areias da Jamaica (o que só não aconteceu porque... bem, eu tive umas despesas extras com umas idas à José de Freitas e por isso fiz uns desvios da poupança... mas, por favor, não contem pro meu pai, é um segredo nosso. rsrsrs).



Mas, a colação de grau foi uma coisa da qual eu não pude fugir. Não pude mesmo. Daí, decidi gastar metade da fortuna, nesse negócio de beca preta e um canudo bonitinho que não tem nada dentro...

Que coisa mais estressante, é se formar... principalmente se você estuda na Uespi - Universidade Estadual do Piauí. Porque, imaginem só... Depois de já ter passado por dois desses eventos de formatura (aula da saudade e missa) e já estar bastante cansada por causa dos preparativos que começaram duas semanas antes e dar aula pra duas pestes (mentira, elas não são pestes, eu só disse isso pra colocar um pouco mais de drama... rsrs) durante a semana e aulas de Inglês, no sábado... a Uespi vem me dizer NO DIA DA FORMATURA, 11h da manhã, que eu não ia poder colar grau, a não ser que abdicasse do curso de Relações Públicas, que ainda é o motivo de eu estar dentro de um curso de comunicação.

11h da manhã foi um horário bastante legal, diga-se de passagem, porque lá naquela filial do inferno (porque você começa a pagar todos os seus pecados lá), todo mundo pára de trabalhar 1h da tarde. Quer dizer, parar de trabalhar é bondade minha, porque ali, ninguém faz nada mesmo...



Eu tinha tirado o dia de folga. Não ia trabalhar à tarde pra poder descansar. Eu precisava daquilo, pra poder curtir, pelo menos um pouco, a droga da minha formatura. Porque, ora, é um absurdo a pessoa estar com plena consciência de que tem dois pés. Não, isso não é conversa de gente maluca e nem eu estou drogada. Você também acharia um absurdo, se lembrar o tempo todo que tem dois pés, principalmente se essa lembrança fosse por causa das dores tenebrosas que vinham diretamente deles.

Meu plano de descanso foi por água a baixo, porque a Uespi gosta de colocar um pouco de emoção na vida da gente. Por isso, eu me taquei aqui, da minha casa, do meu lar doce lar, quase no "pino do mei dia", pra ir xingar a mãe de todo mundo que trabalha ali...

O negócio é que, mamãe teve a idéia terrível de me dar educação e... droga, quando já estava na ponta da minha língua, eu tinha uma visão repentina dela com aquela cara de reprovação. Mas, às vezes eu fingia que não estava vendo e disse um ou dois palavrões... tá, foram mais de dois... mas eu não xinguei a mãe de ninguém, o que já é grande coisa.

O fato é que, no final, eu e mais dez pessoas, tivemos que abdicar do curso de Relações Públicas, sendo que todo mundo ali já tinha terminado o curso, menos eu e Mírian, que ainda não entregamos o trabalho de conclusão de curso. Tudo isso depois de fazer uma peregrinação pelos cartórios (agora, sim, no "pino do mei dia") e pelos corredores do Palácio Pirajá, ouvindo ao final de cada pergunta: "Não sei... não sei... não sei...".

Porra!!! Lá ninguém sabe de nada!!!! É de tirar qualquer um do sério!! (Daí vocês tiram a força de vontade que eu tive pra não xingar a mãe de ninguém...). E isso tudo na correria contra o tempo, porque em questão de minutos eles teriam motivos verdadeiros pra não fazer porra nenhuma lá dentro, era QUASE 1h da tarde.

Cara... parecia aquele programa que o Gugu apresentava nos anos 90... como era mesmo o nome? Ah!! Corrida Maluca!!! Putz! Se aquele programa já não estivesse há anos em extinção, eu diria que eles tinham se inspirado nos funcionários da Uespi. E ainda tem aquele piso super incerado que é pra dificultar bastante quando a gente tiver que correr de um lado pro outro e de salto alto.

Então, depois dessa corrida maluca e de ter abdicado do meu curso de Relações Públicas, que ia fazer de mim uma R.P totalmente demais, eu voltei pra casa, só pra ficar umas horas e ter que ir pro salão de beleza pra fazer cabelo e maquiagem. O que foi outro motivo de pequena irritação.

Pra mim, cabeleireiro bom, tem que ser mulher. Eu disse cabeleireiro, com O no final. Eu escolhi um indivíduo-homem-de-verdade pra fazer minha maquiagem, o que foi um erro terrível. Porque, vejam bem, é o cúmulo da falta de absurdo, ele passar rímel INCOLOR nos cílios de uma mulher!!! Afinal, eu não sei nem PRA QUE SERVE RÍMEL INCOLOR!!!! Quando o cara é gay, esse tipo de gafe não acontece, porque ele se coloca no lugar da gente e sabe exatamente o que a gente quer. E eu não teria que pedir: "Por favor... será que daria pra você passar rímel de verdade nos meus olhos?!" Além do que, ele passou na minha boca o batom mais vermelho que achou por lá. Gente, presta atenção!!! A minha boca já chega primeiro do que eu em todo lugar que eu vou! Pra que batom vermelho??? Afff...

Quando eu, finalmente, cheguei ao Centro de Convenções, a minha cabeça latejava de tal forma e os meus pés doíam tanto, que eu achei que não chegaria com vida até a hora em que eles entragam o canudinho bonitinho que não tem nada dentro. O que seria uma pena, porque eu paguei por aquilo também...

Eu detestei aquele chapéu que a gente tem que usar nessas formaturas. Ele arruinou meu penteado, sem falar que eu dei trabalho pra moça lá do cerimonial, que tinha que se abaixar de cinco em cinco minutos pra pegar o diabo do chapéu que insistia em cair no chão. Não segurava na minha cabeça! Sabe como é, né? Cabelo liso é uma coisa... rsrsrs

Não vi ninguém da platéia. Aliás, eu não enxergava um palmo diante do nariz. Abri mão dos óculos pra sair bem nas fotos e fiquei cega durante toda a cerimonia.

Ao final de tudo, alguém teve a idéia brilhante de jogar o tal chapéu pra cima (mesmo a moça lá tendo dito: "Não joguem o chapéu") e o resto todo fez o mesmo e um deles acabou quebrando um vaso atrás de mim, me encharcando de água e eu só não xinguei a mãe, desta vez, porque não caiu água no meu cabelo e porque... bem, eu não tinha mais forças pra nada e só estava respirando mesmo porque era o jeito.

Terminaram de arruinar meu cabelo quando foram me cumprimentar pela formatura. Ninguém sabia respeitar o tempo que eu passei no cabeleireiro pra fazer meu cabelo ficar daquele jeito. A cada vez que me diziam parabéns e me davam um beijo em cada lado do rosto, esfregavam o meu cabelo nas minhas costas e, francamente, totalmente sem necessidade!

Organizei um jantar pros meus convidados e nós fomos direto pra lá. Tudo que eu queria era me sentar e ser servida... mas não. Tem aquela história de tirar foto com todo mundo e dar atenção pros convidados e eu fiquei andando pra lá e pra cá, com dor de cabeça e o estômago embrulhado.



É... festa boa é a festa dos outros. Quando a festa é nossa a gente nunca aproveita. Eu nunca mais me formo na vida. Não estou falando de não estudar mais e, sim, de nunca mais fazer parte de uma formatura. Termino o curso e vou fazer o juramento sozinha, na sala da reitoria. Bem mais prático.

E ainda hoje eu lembro que tenho pés...

2 comentários:

Deianne Portela disse...

Sua macaca nao falou da minha brilhante e radiante presença na formatura ne?
E nem o SHOW esclusivo e de graça q a Maria Klara deu p todo mundo la ...Sua mal afgradecida...E assim msmo.Mas t amassa o q tu colocou.

Lanussa Ferreira disse...

Ow mulher... Era tanta coisa!!!! Nem coloquei tudo!!! rsrsrsrsrs