terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O Mundo Real




Ah... No Mundo Real a coisa é feia e complicada. Começando na hora em que você acorda. O cara ronca feito um trator e ela toma todo o lençol. Os cabelos... nem quero falar nos cabelos.

Ele deixa as coisas espalhadas pela casa porque é função da mulher sair apanhando tudo como se fosse uma babá. Ela improvisa um varal de calcinhas no box do banheiro e por isso, é obrigada a lavar as cuecas dele com aquela "freada de bicicleta" federal.

No Mundo Real, as discussões seriam meio que assim...

ELE: "Vou pedir uma pizza pra gente".

ELA: "Pizza de novo?! A gente já comeu pizza três vezes essa semana!"

ELE: "Mas eu gosto de pizza!"

ELA: "Eu sei, mas essa semana já chega, né? Pede comida japonesa!"

ELE: "Mas eu quero pizza!"

ELA: "E eu quero comida japonesa!"

ELE: "Mas eu quero pizza!"

ELA: "E eu quero comida japonesa!"

ELE: "Mas eu quero pizza..."

E até que a morte os separe... Porque só a morte, mesmo.

E na TPM...

ELA: "Luis Henrique Oliveira Machado JÚNIOR!!! Eu não pedi pra você trazer margarina do supermercado?"

ELE: "Pediu, sim. E eu trouxe".

ELA (já ficando vermelha): "Light, Luis Henrique?? Margarina light?? (como se estivesse contaminada com coliformes fecais). Você sabe que eu deteeeeeeeeeesto margarina light!!! Só porque você come essa porcaria, acha que eu sou obrigada a comer também?"

ELE: "Maria Célia, deixa de frescura! Margarina é margarina, ora!

ELA: "Frescura, Luis Henrique?! Frescura?! Você é um grosso, Luis Henrique!"

ELE: "E você é uma maluca! Quando é que vai passar essa TPM, hein? Onde já se viu discutir por causa de uma margarina... Tsc, tsc, tsc..."

ELA: "Pra onde você pensa que vai Luis Henrique? Não vai me deixar falando aqui sozinha, hein! Luis Henri..."

E quando alguém não entende direito o que o outro quis dizer...

ELE: "Olha Maria Célia, tem que falar com aquela menina, hein! Tá um problema sério! Vai pra essas festas aí, enche a cara e fica bêbada pra todo mundo ver... Tá errado, isso!!"

ELA: "Ai... É mesmo um problema. Eu não sei mais o que é que eu faço. Mas ela saiu parecida com você..."

ELE: "Tá me chamando de farrista, Maria Célia?? Que comparação grotesca!!"

ELA: "Mas eu só tô dizendo que ela parece com você, que é o pai dela! Você sempre gostou de festa. Se pudesse estava em uma todo dia. Ela também gosta de dançar, se divertir..."

ELE: "Olha, não tem nada a ver o que você tá dizendo! São situações totalmente diferentes! Você tem mania de fazer esses comentários fora de hora, viu!"

ELA: "Mas o que é que tem demais eu dizer que a sua filha saiu parecida com você??"

ELE: "Você fica distorcendo as coisas!"

ELA: "Mas quem está distorcendo as coisas é você, Luis Henrique!"

E até que a morte os separe... De novo!
Parece que chega um ponto em que o prazer de um é atormentar a vida do outro. Deve ser a hora em que a vida não tem mais sentido ou algo assim... E eu gostaria de saber porque é que duas pessoas que se amavam e resolveram se casar (porque se amavam) passam a não se suportar mais e convivem juntos mesmo assim.

O cara acha que a obrigação dele é só colocar a comida na mesa. A mulher tem que trabalhar fora de casa, sair apanhando as coisas que ele deixa espalhadas, lavar as cuecas e cuidar das crianças. No máximo ele sabe quantos filhos tem. Ele só vai até aí nessa parte referente a números. Só saber disso já basta. Por que ele vai se incomodar, tipo, com idade e série que eles fazem na escola?

ELE: "Maria Célia, como é que você deixa esse menino ficar reprovado?? Você acha bonito, isso?? Seu filho nem consegue passar de ano, Maria Célia!!" (porque nessas horas... as mulheres fizeram os filhos com o travesseiro). Tanto que eu trabalho pra dar tudo que vocês precisam e ainda tenho que agüentar isso?!"

E pobre dos filhos...

ELE: "E aí, Marcelão!! Como é que vai, rapaz? Deixa eu te apresentar aqui meu garotão!! Luis Henrique Neto!"

AMIGO DELE: "Nossa, garotão mesmo, hein Luis!! Tá fazendo que ano, já?"

ELE: "Ah... Anh... (olha assim meio de lado pro filho como se pedisse socorro e o garoto olha assim meio de lado pra ele como se pensasse o quanto ele merece)".

FILHO DELE (já tendo se divertido bastante com a cara de idiota do pai, fala com aquela cara de quem já acha aquilo um caso perdido): "Eu tô na sexta série... PAI".

É claro que, em troca disso, ela também não deixa a vida dele nenhum pouco fácil. E faz questão que ele vá pro jantar na casa da mãe dela, jogar dominó com o tio Armando de 72 anos, enquanto ele conta as histórias de quando trabalhava numa fábrica de tijolos. Tudo isso, depois que ele passou um dia de cão no escritório. Ora, se ele não facilita a vida dela... por que ela vai fazer isso por ele?

E cadê o amor, meu Deus?? Tá certo que o padre disse: "Até que a morte os separe" mas, ele tava falando de morte natural. Não era pra ver quem mata o outro primeiro. Por isso, cada vez mais eu me convenço de que casamento não é uma coisa muito boa...

O pior é que, todos os caras com quem eu me envolvo, me dizem a mesma coisa: eu sou pra casar. Daí o porquê de a maioria deles (principalmente os que eu resolvo corresponder) não querer nada sério comigo. Provavelmente, eles acham que eu tenho o objetivo de arrastá-los para o altar na primeira oportunidade. E como eles estão enganados...

Mas passa pela cabeça deles me perguntar se eu quero mesmo isso? Nããããããão. Eles preferem tirar conclusões precipitadas, simplesmente, porque eu pareço ser uma menina-pra-casar. Ora, se eles não querem isso... por que diabos eu vou querer também? Sinceramente, tem hora que homem... vou te contar!

Um deles, em especial, ficou quatro anos comigo. Quatro anos só ficando porque, era com as outras (curicas) que ele namorava sério. Certa vez, ele chegou a me dizer que a gente ainda ia casar. Que nós íamos conhecer outras pessoas, namorar outras pessoas e um dia, quando a gente dissesse: "Agora chega!", a gente casava.

O que me leva à seguinte pergunta: por que ele acha que eu vou casar justamente com ele? Ora, eu totalmente sei o que ele espera de uma esposa e, toda vez que eu penso em mim, casada com ele, me vem sempre a mesma imagem na cabeça: eu o tempo todo na cozinha, descalça e grávida. E tipo, fala sério! O meu curso superior não me deu essa habilitação.

Eu acho, na verdade, que o ponto é exatamente este. Eu não fui educada pra casar. Nunca. Mamãe nunca me ensinou nada com o intuito de que eu fosse uma boa esposa. O que não me impediu de aprender todas essas coisas que as donas de casa (de antigamente) sabem fazer. Eu sei cozinhar, bordar, costurar... Mas ela nunca me forçou a aprender isso. Ela sempre quis que as filhas estudassem e fossem independentes. Meu pai também concorda.

É por isso que eu acho que eles me apoiarão, se eu chegar a ser mesmo mãe solteira. Minha mãe, por achar que marido é um objeto desnecessário. E meu pai... bem, por gostar que eu fique longe de homens.

Então, é isso aí, pessoas! Casamento não é mesmo pra mim. Mas continuo achando lindo e dou apoio pra quem resolver brincar de casar (afinal, é o que as pessoas estão fazendo hoje). E felizes daqueles que conseguem viver no Mundo Ideal e não no Mundo Real...

Um comentário:

O Profeta disse...

Os pesares dividem as marés
A idade do ouro ainda tarda
Os anos passam como gotas varridas
Por um tempo que retrata o nada


Convido-te a saborear um absinto no meu espaço
pela Taça de Fino Ouro



Mágico beijo