quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

DD



Quando eu tinha sete anos e morava em Parnaíba, no litoral piauiense, eu conheci a Deianne. Era uma "culuminha" (como dizem os parnaibanos), de uns três anos de idade que falava como se todo mundo fosse surdo (o que, devo dizer, não mudou muita coisa, dezessete anos depois).

Aquela coisinha cheia de cachinhos, parecia um tornado em miniatura que, hora estava aqui, hora estava ali, arrastando o que via pela frente, tudo isso falando um monte de coisa ao mesmo tempo. E gritando, claro, sua maior especialidade. Principalmente o nome do meu irmão mais novo, pelo qual nutria uma paixão avassaladora. Algo como: "Pediiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim!!" Era a única que chamava o Pedro Henrique assim. Acho que isso era estratégia para criar uma intimidade exclusiva com o amor dela.

Os quatro anos de diferença que existem entre nós, nunca foi um problema. Porque é uma coisa absurdamente simples, entende? Eu sou a mais velha, tenho juízo, paciência, serenidade, bom humor e a Deianne... bem, ela é a mais nova!

Dois anos depois de voltar para Teresina, lá vem a DD, morar aqui também. E trouxe na bagagem, uma irmãzinha que ainda não tinha nascido quando eu vivia em Parnaíba. Mas, eu não vou falar dela agora porque a Dainna, é um caso BEM a parte.

Durante todos esses anos em que convivemos, nós levamos o negócio da idade muito bem. A DD ainda alcançou o tempo em que eu brincava de bonecas e nós fizemos muito isso. E ela continuou brincando, enquanto eu já não achava tão interessante. Por isso, nós nos distanciamos um pouco.

Essa distância de que eu falo, não era física. O negócio é que nós não tínhamos mais os mesmos assuntos e interesses, tipo, Barbies e tamanquinhos da Xuxa. Mas, apesar dessas coisas, a gente se divertia muito quando se encontrava. Nas viagens pro interior, nos banhos de riacho, quando nossas famílias saíam pra almoçar ou jantar fora, nos fins de semana e nos churrascos na minha casa ou na dela. E aquela viagem pra Parnaíba, hein?! Nossa... Como foi bom, né? rsrsrs.

O fato é que a DD é minha prima. E quando a gente se apresenta assim, as pessoas sempre questionam qual o nosso grau de "primidez". A gente meio que se diverte olhando a cara do povo, tentando entender COMO nós somos primas. E a gente nunca conta. Mas... eu vou dizer aqui.

Os nossos pais são só amigos. Não temos nenhum laço de sangue que nos faça parentes. Mas a questão é essa aí. Os nossos outros primos (aqueles que a gente quase nunca vê e quando se encontra, fica pouco avontade), nos foram impostos, enquanto que nós escolhemos ser primas. E tanto, que já acreditamos absurdamente nisso.

A prima DD cresceu e nossos interesses voltaram a ser mais ou menos os mesmos, apesar de eu já estar na universidade e ela ainda na escola (eu sei que ela vai odiar essa parte, hehehe). Nós começamos a passar mais tempo juntas e formamos uma turma legal que saía pra comer pizza ou cachorro-quente e fazia barracos em praça pública enquanto a comida não chegava. Barracos especiais, estrelados por Deianne e Dainna, como só essas duas sabem fazer.

Essa Deianne já me fez passar muita vergonha... Já desgraçou alguns esquemas meus... Já me fez querer pular no pescoço dela por ser tão teimosa e egoísta, às vezes... e irritante... e gritante... e estressante... e os outros "ante" que existem por aí.

O último namorado dela deu um trabalão pra gente... quer dizer, ELA deu um trabalhão pra gente. Por ser terrivelmente ciumenta e possessiva e obcecada por aquela figura magra, curvada e vagarosa, que se arrasta por aí. O que eu também não entendi, é o porquê de eu ter gostado tanto dele e defender o probrezinho toda vez que a Deianne inventava uma coisa pra atentar o juízo da gente.

Essa macaca me ligava a cada dois dias, chorando aos montes, dizendo aquela mesma frase: "Snif, snif, snif. Lanussa, eu o o Jefferson... snif... não estamos... snif... bem... snif. Vem aqui, por favor!!! Snif, snif, snif!!!" E lá ia eu, mobilizar os amigos pra fazer a DD ficar bem com o Marcolino (para os íntimos, rsrsrs) e informar pra ela que, se continuasse a chorar daquele jeito... ia morrer desidratada, droga!!

E eu defendi tanto esse macaco do Jefferson que, nove meses depois do último término de namoro, nasceu Maria Klara.

E claro, eu fui uma das primeiras a saber e estava lá com eles dois, quando resolveram dar a feliz notícia para os meus tios que, eu nem sei porque, não acharam a notícia tão boa assim... Poxa... só porque a DD tava no segundo vestibular sem conseguir passar, com apenas dezenove anos, que não gostava de fazer NADA em casa e o Jefferson, assim como ela, era sustentado pelos pais e não tinha nenhuma perspectiva de vida? Afinal, era um bebê que vinha aí!! Mas eles não viram a coisa muito pelo meu ponto de vista...

Eu fiquei ali com ela o tempo todo e deixei até de sair com um cara que eu estava totalmente arriada, pra fazer paçoca de carne, porque ela tava com desejo.

E eu fiz isso, da mesmo forma que ela fazia quando eu ficava com dor de cotovelo por causa dessa peste chamada HOMEM. Ela, às vezes, me surpreendia com certas atitudes.

A DD, é minha prima, mais que todas as que eu tenho. Ela é meio doida do juízo, pede a minha presença o tempo todo, ri de tudo o que eu falo e faz uma dança do índio bizarra e eu rio junto só de olhar ela fazendo isso. Nós nos tornamos "primigas", como ela mesma diz e praticamente inseparáveis. Principalmente agora que nós temos a Maria Klara pra babar, porque descobrimos que é o único bebê que gosta da gente e vice-versa (rsrsrsrs). E além de tia, eu sou madrinha dessa lindona.

A maternidade só fez bem pra ela. E como!! Ela se tornou uma pessoa mais bonita, por dentro e por fora, ficou menos egoísta e descobriu uma simpatia repentina por trabalhos domésticos. Eu, que nunca pensei que a palavra Deianne e mãe, caberiam na mesma frase, fiquei realmente feliz quando vi o amor que ela tem por aquela gorduchinha sorridente.

A gente já passou por muita coisa juntas (e só pra confirmar isso tudo aqui, tive que interromper o texto pra atender uma ligação DELA, me pedindo, claro, pra aparecer na casa dela hoje) e eu espero que essa amizade de primas doidas continue enquanto a gente viver, porque eu já me acostumei totalmente a ter essa macaca atentando o meu juízo. Aff...

DD, eu te amo, mesmo quando tu ignora a palavra SEGREDO, quando eu te conto alguma coisa. Te ter na minha vida é estar bem longe de um negócio chamado TÉDIO, sua macaca maluca.

Ainda bem, Pai, que a Maria Klara tem uma madrinha...

7 comentários:

O Profeta disse...

A melodia do teu canto reverbera no tempo
A lonjura é o momento do abraço
O teu sorriso chegou ao meu silêncio
Solta palavra doce no espaço

Uma torrente de emoções para ti


Um mágico fim de semana


Doce beijo

· Mephisto · disse...

Olá, boa tarde!

Por um acaso, se é que isso existe mesmo, encontrei um comentário seu no blog do Rafael Noleto, sobre o jornal "O Bruxo". Não sei bem a minha intenção ao vir até aqui no seu blog mas, como geminiano asc leão, tenho o dom/mania de me introzar, e também pensei que talvez você pudesse ser uma estudiosa e/ou praticante de Bruxaria. E pelo o que vejo no seu blog, pareço estar no caminho. Mas acho que seria um prazer conversar com você, pois vejo que tem boas leituras. Aqui em Teresina não encontro ninguém, a não ser pouquíssimas exceções, com quem conversar sobre o assunto. A maioria são deslumbrados com um mundo fantástico que caberia mais facilmente numa folha de RPG do que na nossa realidade. Não quero com isso insultar o jornal do Rafael Noleto, deixo que ele faça isso por si só, o que parece não ser difícil. ops... rs
De qualquer forma, esteja livre pra ignorar essa mensagem, se assim desejar, mas aguardo uma resposta sua. :)
Obrigado pela atenção!

Anderson

Deianne Portela disse...

Amizade é o raio de sol quando tudo é tempestade.
Você sempre está lá quando eu chamo
e se mostra feliz por poder ajudar.
E toda vez que eu precisar
"não há problema", você me dirá.
Por isso, eu quero que você
procure por mim quando precisar.
E espero que eu seja o que você tem sido para mim,
porque esse é o sentido da palavra "amizade".
Confiança, carinho e compreensão sem fim.
Agradeço a você por sua amizade tão especial,
e por me fazer sentir que sou alguém
com quem você se importa!
Por isso q sempre digo, seremos p todos primas e amigas ou seja "primigas"...Voce sabe q te amo(como primigas é claro),ate pq convenhamos da fruta q vc gosta ja cmo ate o caroço...(ops!ja comi ate...hihihi).Sou saliente ne?Tenho p quem puxar vc sab quem...Ta bom xega...nao eskce q vc alegra mnha vida por isso q gsto da tua cmpania...Vc é tud de bom prima...valeu por exitir...bjim.TE AMUUUUUUUUUUADOROOOOOOOOOOOOOO!

Lanussa Ferreira disse...

Tem que jogar na minha cara que tu já come do caroço há um bom tempo????
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Tbm te amo, sua MACACA!!!!

Anônimo disse...

Nusa Lamusca adorei teu blogg.....
Adorei mesmo viu..
prncipalmente na parte em que vc se referi a mim como:
"aquela figura magra, curvada e vagarosa, que se arrasta por aí""
nusssa q comentario interessante..
Mais no fund gostei di tudo..
Xero.. kbeça criativa .

Lanussa Ferreira disse...

Ow, figura magra, curvada e vagarosa que se arrasta por aí, que bom que tu gostou!!!
rsrsrsrsrs
É pra ler sempre, então!
Bjo!!

O Profeta disse...

A chama que explode na noite
Consumiu a palavra dispersa
As virtudes do som das águas
Ouvem-se na manhã que começa

No silêncio há tanto som, tanta emoção
Convido-te a sentir o meu silêncio total



Bom fim de semana


Doce beijo