quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tarde de Doida da Lua.


Então, vocês ainda não sabem mas, eu fui demitida do meu último emprego. É. Uma crise geral no grupo onde eu estava trabalhando. E agora eu estou novamente disponível ao mercado de trabalho. 

Nem foi de todo o mal, se eu lembrar que recebi uma boa rescisão, mesmo trabalhando lá há menos de um ano. Além disso, aproveitei para fazer um curso de bolos confeitados que eu queria muito mas não tinha tempo, por causa do trabalho. E, se vocês pensam que eu estou é bem curtindo umas férias estão é muito enganados porque desde que eu saí do emprego, todo dia eu tenho alguma coisa pra resolver, curso pra fazer e com fé em Deus Nosso Senhor, eu não vou ficar muito tempo desempregada. Já até fui chamada pra participar de uma seleção. E, nossa, a última etapa foi, tipo, totalmente Doida Da Lua, rsrs.

A segunda etapa da seleção de que eu participei foi numa quarta-feira. Então esperei que eles entrassem em contato comigo na quinta e na sexta e toda a manhã da segunda-feira e não programei nada pra esses dias pra não atrapalhar na seleção. Então já que até o meio dia da segunda eu não recebi nenhum telefonema, fui assistir a última aula do meu curso.

Peguei um ônibus às 13:00 e fui pro centro da cidade. Foi eu descer do ônibus, 13:50 pro celular tocar e acontecer a seguinte conversa...

-Alô!
- É a Lanussa?
-Sim.
- Lanussa, aqui é a Fulana do Seguinte Plano de Saúde. Você poderia estar aqui às 15:00h para uma entrevista?
(Com cara de Anh! O que que eu faço?!)-Posso, sim. Mas é o seguinte, eu estou no centro da cidade, não estou vestida apropriadamente e não dá tempo de ir em casa trocar de roupa. Tudo bem?
(Risadinha de "bem, por mim você pode vir vestida até de dançarina de Hula-Hula, eu já tenho o meu emprego, obrigada...")-Tudo bem.
-Onde é que fica?
-Fica no Jóquei.
-No Jóóóoquei?! (Bom, pra quem não sabe eu absolutamente não sei andar na zona leste da cidade. Eu não sei nome de rua, é tudo muito parecido e eu totalmente tenho medo de me perder).
-É, você sabe onde é a loja Fulano de Tal?
-Sei.
-Então é por trás da loja.
-Ah, certo. Eu sei onde fica. (Suspiro de alívio).

Desliguei o celular e pensei: "Puta que pariu!! Isso é hora de ligar pra alguém ir fazer entrevista de emprego? Praticamente UMA HORA de antecedência!! E se eu morasse, sei lá, na Santa Maria da Codipi, no Poty Velho?? Mesmo se eu estivesse em casa, eu teria que pegar DOIS ônibus, com o agravante de que aqui no Bela Vista, depois do meio dia, os ônibus simplesmente somem!

Pensei rápido. Uma hora pra chegar lá. Não, eu não ia ter coragem de ir para uma entrevista de emprego com aquela roupa. Eu, tipo, tava parecendo uma "eira". (Eu ia bater perna no centro da cidade, então eu fui confortável e não arrumada.) Ia ser meio que o fim da minha carreira nas entrevistas de emprego. Eles iam colocar aquela informação em um banco de dados das seleções, com acesso internacional, ao lado de uma foto minha com um grande X vermelho em cima: "Candidata costuma se vestir inadequadamente para entrevistas causando grande constrangimento".

Daí, eu saí correndo pra primeira loja de departamentos eu eu encontrasse, peguei o primeiro vestidinho arrumadinho que eu vi pela frente, peguei o primeiro sapatinho bonitinho que eu vi pela frente, sem nem me importar se, tipo, ele ficaria pequeno no meu pé, paguei, troquei de roupa na loja mesmo (deixando o sapato na sacola, porque, claro, eu não seria maluca o suficiente de sair correndo dali com um sapato que, só de olhar pra ele já fazia um imenso calo no meu pé) e rumei pra agência da Caixa Econômica pra sacar dinheiro pra pagar a passagem do ônibus. Sim, eu fui pro centro da cidade só com a passagem de ida mais 60 centavos na bolsa. Eu sei, é muita coragem de minha parte.

Vários quarteirões depois (e meu pulmão já quase saindo pela boca), cheguei na Caixa e me deparei com a multidão que fazia filas em TODOS os caixas eletrônicos. Fiz uma varredura e escolhi a fila que "parecia" menor. Segundos depois eu percebi que o sistema da Caixa estava simplesmente FORA DO AR!!!!

Vocês não têm noção!! Faltava só meia hora pras 15:00h. E ninguém fazia ideia de quanto tempo esse sistema iria ficar fora do ar. Detalhe: antes de pegar o ônibus, ainda no Bela Vista, eu tentei usar o caixa eletrônico da farmácia e não sabia eu que, já não estava funcionando em lugar algum. E já fazia mais de uma hora que estava assim.

O desespero tomou conta de mim. Meia hora! Não ia dar tempo!! Pensa, pensa, pensa!! Deianne.

Deianne é minha prima doida de pedra, sobre a qual eu falei já aqui. Pois bem, a Deianne trabalha na C&A. E foi pra lá que eu corri.

Váááários quarteirões depois, cheguei na loja e fui direto ao departamento onde eu sabia que ela trabalhava. Não a avistei. Cheguei numa garota e perguntei, como se fosse uma cliente qualquer, se ela sabia onde eu encontraria uma Deianne que trabalhava ali. Ela disse:

-Ela é caixa, agora. Fica lá embaixo.

Corri lá pra baixo, não vi a Deianne. Perguntei pra um rapaz:

-Tem uma Deianne que trabalha aqui?
-Ela fica lá em cima.

Subi correndo as escadas e foi a primeira cara que eu vi. Não sabia como chamar a atenção dela, ela parecia estar fazendo alguma coisa importante com outras pessoas ao redor dela.

-Pisiu!

Quando ela me viu, fez logo aquela cara de desespero e disse:

- Não! Eu não posso!! Olha o tamanho da fila!!

Eu fiquei mais maluca ainda. Tinha uma fila enorme esperando pra ser atendida por ela, eu não podia atrapalhar! Era o emprego dela!

Então ela me chamou e pediu que eu ficasse no cantinho, do lado da cliente que ela estava atendendo. Eu fiz o que pude pra ser discreta mas,  mesmo que eu falasse sussurrando, não tinha jeito das pessoas mais próximas não ouvirem...

(Falando o mais baixo e rápido possível...) -Deianne, me chamaram pra uma entrevista de emprego, eu fui comprar roupa e sapato porque tava mal vestida, fui correndo até a Caixa Econômica tirar dinheiro pra pagar a passagem de ônibus e o sistema tá fora do ar e eu não tenho um centavo...
-Eu não tenho um centavo também, não!! (Com aquele olho esbugalhado que só ela sabe fazer...rsrs)
-Meu Deus! Não vai dar tempo!Eu vou desistir! Não vou mais não!
-Espera! Eu tenho um vale transporte, mas tu vai ter que esperar eu sair daqui.
- É o jeito, meu Deus! E como é que tu vai embora, doida?!
-Eu tenho passe eletrônico.
- Ah, tá bom.

Então, ela terminou de atender a cliente, a moça se virou pra mim, pegou no me braço e perguntou:

- Tu quer que eu te ajude?

Eu meio que fiquei sem saber o que dizer e comecei a explicar a ladainha toda que eu contei pra DD, então ela tirou R$ 5,00 da bolsa e me deu. Eu tive que aceitar, fazer o quê? Mesmo fazendo ela achar que eu era uma pobre lascada que não tinha um centavo pra pagar uma passagem de ônibus.

-Ow!! Muito obrigada!!!

Me virei pra DD, que observou a cena toda, acenei e saí correndo enquanto ouvia ela dizer, bem alto:

-Deu certo, prima!! Boa sorte, depois eu te liiiiiigo!!!

E, cara, pra final de filme de comédia, só faltou o pessoal todo aplaudir enquanto eu corria loja afora. Sim, porque TODO mundo acompanhou aquela novela ali.

Mais uma vez, saí em disparada, até a parada de ônibus mais próxima, enquanto eu fazia força pra não morrer (uma pessoa sedentária não pode sair correndo os quatro cantos do centro da cidade, assim, de repente). 15 minutos!!!

Assim que eu cheguei o ônibus parou, entrei, sentei, tentei como pude acertar a maquiagem. Passar rímel dentro de um ônibus sacolejando é coisa de artista de circo...

Coloquei o sapato novo, bonito e, com certeza, desconfortável e levou exatamente 15 minutos, desde a hora que eu subi no ônibus até eu estar de cara com a recepcionista que me ligou uma hora antes. 15:00h, exatamente.

E agora eu mudei meu nome pra Lanussa Raquel Alves Ferreira NINJA.

E, não, tudo isso não valeu de nada, porque eu não fui selecionada pra ser recepcionista do Plano de Saúde, apesar de que eu gostei bastante da entrevista.

Quer dizer, valeu sim! Mais um post com as loucuras que acontecem na minha vida de vez em quando.

P.s: A cliente da Deianne voltou lá de novo. A Deianne agradeceu:

-Ow mulher, obrigada. Tu ajudou minha prima...
-Mermã (notem que elas já estão íntimas), eu não podia deixar ela perder a entrevista dela porque não tinha dinheiro pra pagar uma passagem... (notem que ela realmente achou que eu era uma pobre lascada que não tinha um centavo pra pagar a passagem de ônibus).

E eu fiquei tranquila quando a Deianne disse que ela voltou lá depois pra passar mais quatro pares de sapato que ela tinha comprado além das outras coisas. É, aqueles R$ 5,00 não farão mesmo falta pra ela. Obrigada, moça-desconhecida.

É isso aí!